Antonio Tozzi

A Apex-Brasil (Agência Brasileira de Promoção e Exportação e Investimentos) surgiu como opção para dar apoio aos exportadores brasileiros que desejavam aumentar sua presença no mercado internacional com seus produtos, bens e serviços. Como parceria entre o setor público e o privado, o órgão vem desempenhando um importante papel no processo de internacionalização de empresas brasileiras em todo mundo e está vinculado ao Ministério das Relações Exteriores (MRE).

Chegando aos EUA em 2005 como Centro de Distribuição em Doral para serviços de logística e armazenagem, o órgão foi ganhando musculatura e paulatinamente se tornou referência em termos de estrutura de suporte aos exportadores brasileiros. Tanto que dois anos depois, incorporou os serviços de inteligência e em 2011 se transferiu para um escritório no centro financeiro de Miami. Em 2013, abriu a unidade de São Francisco para dar apoio às empresas brasileiras do setor de tecnologia que desejam estar presentes no Vale do Silício. Finalmente, em 2014, a Apex-Brasil América do Norte ampliou seu raio de ação e incorporou também México e Canadá como áreas de expansão. Vale lembrar que por estar ligada ao MRE a Apex recebe suporte dos Setores Comerciais dos Consulados do Brasil em todo Estados Unidos.

Hoje, Apex-Brasil atua em 30 países dos cinco continentes. Apesar de ter inaugurado sua primeira estrutura no governo Lula, a concepção do órgão nasceu dentro do Sebrae durante o governo Fernando Henrique Cardoso e passou a existir em 2001, atuando apenas em Brasília. Portanto, Apex-Brasil tem 18 anos.

Sem dúvida, o escritório mais atuante é o de Miami, localizado em um moderno prédio na Biscayne Bay junto à Brickell Ave., centro financeiro da cidade. Ele é comandado por Juarez Leal, o chefe de Operações da Apex-Brasil América do Norte, profissional bastante experiente que estava baseado em Brasília.

Para que serve a Apex?

A missão do órgão é desenvolver a competitividade das empresas brasileiras, promover internacionalização de seus negócios e atrair investimentos diretos no Brasil. Pode-se dizer que vem fazendo um bom trabalho. Apenas em 2018, 583 empresas foram atendidas diretamente pelos escritórios Apex América do Norte, dividindo-se em 107 empresas usandos serviços de escritório virtual ou físico, 275 empresas beneficiadas por ações de promoção de negócios, e outras 273 recebendo atendimento personalizado.

Em resumo, Apex-Brasil atua como centro de negócios e facilitadora para a instalação de empresas brasileiras que desejam participar do mercado norte-americano. Dentro desta estrutura, as empresas podem ter à disposição escritórios virtuais e físicos com atendimento em três idiomas: inglês, português e espanhol.

Antes, porém, de pensar em exportar a empresa precisa estar em condições de suprir este mercado com produtos de qualidade, produção suficiente para abastecer os compradores, e ainda cumprir as exigências das agências reguladoras dos EUA, Canadá e México.

Para isso, os técnicos das Apex-Brasil seguem o protocolo de Quatro Soluções: Qualificação, Inteligência, Promoção de Negócios e Internacionalização.

A confiança é tanta que a Apex-Brasil atende a mais de 15 mil companhias em 70 diferentes setores da economia, com destaque para alimentos e bebidas, casa e construção, máquinas e equipamentos e tecnologia e startups.

Juarez Leal explica que as Soluções de Qualificação para o Mercado se dividem em atendimento sob encomenda para levantamento de informações de mercado e em internacionalização. No primeiro caso, a Apex-Brasil informa aos candidatos a exportadores como são as práticas comerciais locais e como fazer negócios nos EUA; mostra estatísticas sobre importações, regulações e tarifas; faz contato com compradores, distribuidores, representantes, varejistas e associações do setor, como câmaras de comércio e canais de distribuição, além de divulgar feiras e eventos para benchmarking, e ainda as ações realizadas pela Apex-Brasil nos EUA. Aqui é importante notar que geralmente é feito um filtro. “Muitas vezes, constatamos que a empresa ainda não está devidamente preparada para entrar no mercado internacional. Assim, recomendamos que o projeto seja adiado, revisado e só após estar totalmente adequado entre no processo de exportação. Isto é importante para evitar perda de dinheiro e frustração por parte dos empresários”, destaca Leal. Antes mesmo de a empresa ser considerada como potencial exportadora, Apex-Brasil levanta o histórico para ver sua credibilidade e confiabilidade. Se não passar por este filtro, já está desqualificada.

Com referência à internacionalização, a Apex-Brasil fornece dados preciosos para escolha do local de operação, assim como dados econômicos sobre as diversas regiões, fornecidos pelas agências estaduais de investimentos, por contatos nas agências parceiras e prestadores de serviços, tais como advogados, contadores, etc. “Isto é importante. Muitas vezes, a pessoa quer se radicar na Flórida, por exemplo, mas o negócio dele é mais viável economicamente em outra região do País. Cabe a ele, portanto, analisar a viabilidade e ficar mais próximo de sua área de atuação”, esclarece Leal.

Nas Soluções de Inteligência Comercial, estudos incluem informações gerais sobre o país e setor, além de volume e valor das importações, análise da indústria, importadores, fornecedores, concorrentes locais, tarifas alfandegárias, e requisitos e regulamentações. “Nesta fase, trabalhamos em conjunto com as empresas para que elas tenham o máximo de dados, a fim de saber calcular seus custos, conhecer a concorrência, projetar a margem de lucro etc.”, afirma Leal.

Em Soluções de Promoção de Negócios, a Apex-Brasil foca nas oportunidades comerciais pela demanda dos importadores internacionais, ou seja: quem são os distribuidores e varejistas americanos; nas feiras comerciais; nas missões comerciais; no Projeto Comprador, no Brasil; no Trade Marketing (lojas de departamento), e no E-commerce.

Já as Soluções de Internacionalização são direcionadas àquelas empresas em estágio mais avançado, que desejam estabelecer sua operação internacional. Neste caso, a Apex-Brasil agenda reuniões com empresas do mercado, visitas técnicas, reuniões com prestadores de serviços, entidades privadas e de governo. O foco é sondar o ambiente efetuar levantamento de custos para implantação da operação. Além disto, são realizados seminários e visitas técnicas para avaliação das possibilidades de implantação de operação local, sobretudo em Miami, Chicago, Houston, New York e San Francisco.

Escritórios físicos e virtuais

A Apex-Brasil possui uma estrutura profissional em seu escritório de Miami reservada para os clientes. As empresas interessadas podem pagar um valor variável, dependendo dos serviços contratados, para usar o Escritório Físico. Entre os serviços oferecidos, estão: suporte e orientação para abertura e manutenção da empresa nos EUA e para executivo expatriado; metragem do cubículo (de 6.5m2 até 17.65m2), mobiliário (mesa, cadeira, arquivo com chave), recepcionistas virtuais trilíngue (atendimento personalizado e envio dos recados via email); digitalização e disponibilização de correspondência recebida pela empresa via site seguro para visualização; depósito de cheques em conta do cliente; Internet; telefone com linha própria (ligações internacionais incluídas) e utilização gratuita de até 8 horas mensais de salas de reunião.

No caso do Escritório Virtual, os serviços oferecidos são: suporte e orientação para abertura e manutenção da empresa nos EUA; endereço comercial do Escritório Apex-Brasil em Miami; digitalização e disponibilização de correspondência em site seguro; recepcionistas virtuais (trilíngue – português, inglês e espanhol); Internet; telefone com linha própria (ligações internacionais incluídas); depósito de cheques na conta do cliente; utilização do Escritório Físico em estação de trabalho ou sala standard para uma pessoa pelo período de até 30 dias por ano, e utilização gratuita de até 4 horas mensais de salas de reunião.

Quem utilizar espaço de trabalho em ambiente compartilhado no WeWork Embarcadero Center, em San Francisco, pode contar com estação de trabalho para cada empresa; mobiliário (mesa, cadeira, arquivo com chave); free Internet; impressora à disposição; sala de reunião (sob demanda), e recepcionista e serviço de entrega de correspondências.

Participação brasileira no apetitoso mercado norte-americano

Com toda essa estrutura, a Apex-Brasil está gabaritada a dar toda assessoria necessária às empresas brasileiras que buscam a internacionalização. A fim de suprir ainda mais as companhias brasileiras e potencializar oportunidades de negócios para o empreendedor brasileiro foi elaborado um estudo minucioso, batizado como “Estados Unidos: Visão Regional e Exportações Brasileiras” – um mapa bilateral de investimentos Brasil-EUA, produzido em parceria com a US Chamber of Commerce e Amcham.

O documento detalha o panorama econômico das oito macro-regiões norte-americanas, e como as exportações brasileiras estão inseridas em cada uma delas. Para isto, adotou-se a divisão regional do Escritório de Análise Econômica dos Estados Unidos (Bureau of Economic Analysis – BEA): Far West, Great Lakes, Mideast, New England, Plains, Rock Mountains, Southeast e Southwest.

Como maior economia e maior mercado consumidor do mundo, os Estados Unidos abrigam 124 das 500 maiores companhias globais em faturamento, muitas das quais atuantes no Brasil. Os EUA são hoje o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás apenas da China, e o parceiro mais relevante quando se excluem as commodities.

Entender as especificidades das diferentes regiões dos Estados Unidos pode ser crucial para o planejamento do empreendedor brasileiro, seja o já posicionado no mercado e que quer aumentar sua exposição, ou aquele que ainda não foi para os Estados Unidos. Dentre as várias informações, destaca-se a diferença marcante de participação e posicionamento setorial das exportações do Brasil nas diferentes regiões.

O coordenador de Estratégia de Mercado da Apex-Brasil, Igor Celeste, explica algumas destas especificidades: “No Far West, onde estão os estados da Califórnia, Washington e Oregon, temos uma participação menor do que a média geral nas importações (0.55% em 2017) e concentração em produtos básicos, como petróleo e derivados. Já no Great Lakes, onde estão Illinois, Ohio e Michigan, a participação brasileira é maior (1.08%) e concentra-se em produtos manufaturados, como metalúrgicos, produtos de metal e equipamentos de transporte”.

Segundo dados do International Trade Center (ITC), os EUA representam 13.5% das importações mundiais de bens. Em 2018, o Brasil foi o 17º maior fornecedor para esse mercado, com exportações de $28.7 bilhões, equivalente a 1.2 das importações totais dos Estados Unidos.

“Se chegarmos a uma participação de 1.5% nesse mercado, estamos falando em ganhos de até $6.8 bilhões para nossas empresas. São mais de $2 bilhões a cada 0.1 ponto percentual de participação. Além disso, a conjuntura atual, com alinhamento politico-estratégico entre os dois governos, somado ao cenário de tensões comerciais dos Estados Unidos com outros parceiros importantes, como China, União Europeia, México e Canadá, abrirão novas oportunidades para um melhor posicionamento das empresas brasileiras naquele mercado”, complementa Igor.

Portanto, é uma boa hora para se investir aqui nos Estados UInidos ou até mesmo associar-se a empresas norte-americanas que desejam estar presentes no mercado brasileiro, sobretudo no setor de infraestrutura. Juarez Leal enfatiza que há intercâmbio de informações constante com agências americanas, como a Select USA, por exemplo, além de parcerias com órgãos estaduais de investimentos.

Como trabalha em sinergia com o Setor Comercial do Consulado-Geral do Brasil em Miami, o chefe de Operações da Apex-Brasil faz questão de destacar o empenho efetivo do cônsul João Mendes para agilizar a resolução dos problemas burocráticos que eventualmente surgem nas operações comerciais. “Como o o Consulado atua como instituição oficial do Brasil, há um limite de atuação superior ao nosso. Assim, a participação dele é fundamental. Eu e João temos uma parceria harmoniosa e muita sinergia”, assegura Leal.

Dessa forma, o momento é bastante propício para se intensificar o relacionamento comercial entre Brasil e Estados Unidos. E a Apex-Brasil está preparada para dar o apoio necessário àquelas companhias que desejam expandir seus negócios para além das fronteiras brasileiras.