*Por Paulo Pichetti
Após três quedas seguidas que levaram estes indicadores ao nível mínimo histórico no mês passado, os Barômetros Globais Coincidente e Antecedente da Economia dão um primeiro sinal de reação desde o início da pandemia de Covid-19. Há ainda muita incerteza, mas, o tímido movimento de junho pode sinalizar a entrada da economia mundial numa fase de gradual recuperação.
O Barômetro Global Coincidente subiu 4,8 pontos em junho na comparação com o mês anterior, ao passar de 45,0 pontos para 49,8 pontos, o segundo menor nível da série iniciada em 1991. Houve alta nas regiões da Ásia, Pacífico e África e da Europa e nova queda do Barômetro Coincidente do Hemisfério Ocidental. O Barômetro Global Antecedente subiu 6,6 pontos, de 43,6 pontos para 50,2 pontos, também o segundo menor nível da série histórica, com alta nas três regiões pesquisadas.
“Enquanto alguns indicadores importantes sugerem que o pior momento do impacto da pandemia sobre o nível de atividade já teria sido atingido, diferentes medidas de estímulo adotadas por autoridades econômicas em todo mundo vêm afetando positivamente as expectativas em relação à retomada, com efeitos significativos sobre preços de ativos financeiros e commodities. Os barômetros coincidente e antecedente em junho captam esse movimento, mas a interpretação dos resultados deve levar em conta por um lado ainda a presença de alguma heterogeneidade entre regiões e setores, e por outro o fato da base de comparação estar situada nos menores níveis da série histórica, o que evidencia ainda uma considerável incerteza sobre o ritmo da recuperação nos próximos meses”, avalia Paulo Picchetti, pesquisador do FGV IBRE.
Barômetro Coincidente – regiões e setores
A alta de 4,8 pontos do Barômetro Coincidente em junho representou uma recuperação de apenas 10% das perdas ocorridas nos três meses anteriores. A maior contribuição para o resultado do mês, de 5,1 pontos, foi dada pela região da Ásia, Pacífico e África, onde o Barômetro Coincidente subiu 8,7 pontos. A segunda maior contribuição, de 0,6 ponto, foi dada pela Europa cujo indicador avançou 2,9 pontos. O Hemisfério Ocidental (América do Norte, América Latina e Caribe) contribuiu de forma negativa para o resultado em 0,9 ponto decorrente de um declínio regional de 3,3 pontos. O gráfico no press release ilustra a contribuição de cada região para a distância do Barômetro Coincidente em relação ao nível médio histórico de 100 pontos.
Em termos setoriais, a maior contribuição para o aumento do Barômetro Coincidente Global no mês veio da Indústria, seguida pelo conjunto de variáveis que refletem a evolução das economias em nível mais agregado (Desenvolvimento Econômico Geral). O setor de Serviços foi o único que continuou recuando neste mês.
Barômetro Antecedente – regiões e setores
O Barômetro Antecedente Global antecipa os ciclos das taxas de crescimento mundial entre três a seis meses. Todas as regiões contribuíram para a alta do indicador em junho, sinalizando uma possível melhora do cenário futuro. Assim como no indicador Coincidente, o destaque do mês é a região da Ásia, Pacífico e África, cujo Barômetro Antecedente subiu 9,4 pontos contribuindo com 5,6 pontos para a alta de 6,6 pontos do indicador global. Europa e o Hemisfério Ocidental aumentaram 2,6 e 1,6 pontos, contribuindo com 0,6 e 0,4 ponto, respectivamente.
Todos os indicadores setoriais contribuíram de forma positiva para o resultado, à exceção das variáveis ligadas ao Desenvolvimento Econômico Geral. A Indústria exerceu a maior influência para o aumento do indicador geral, seguida pelos Serviços.
*Paulo Picchetti é coordenador do IPC Brasil do FGV IBRE
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