O Banco Mundial fez um levantamento recente que aponta o Brasil em queda no ranking de facilidade para se fazer negócios. Esse cenário gera um movimento de saída de empreendedores nacionais rumo a países com ambientes melhores, como os EUA, que tradicionalmente já acolhem um grande número de negócios brasileiros

Segundo o relatório anual Doing Business, que mede o impacto das regulações e da burocracia no funcionamento das empresas, o País passou da 109ª posição em 2018 para a 124º este ano, considerando os dados coletados entre maio do ano passado e maio de 2019.

“Vivemos uma fuga de empresários que estão mirando o mercado internacional em busca de segurança econômica. A solidez da economia americana, neste contexto, tem sido um dos fatores mais relevantes, segundo empresários que procuram investir ou trazer seus negócios para os EUA. Isso prova que uma política pública mais favorável à realização de negócios tem resultados positivos”, salienta o especialista em negócios internacionais André Duek, que reside nos EUA.

Entre os itens avaliados pelo ranking, estão o número de dias gastos na abertura de empresas, no pagamento de impostos, na obtenção de alvarás de construção, na conexão com a rede elétrica, no registro de uma propriedade, na obtenção de crédito e na execução de contratos e resolução de insolvência. O primeiro lugar do Doing Business foi ocupado pela Nova Zelândia, seguida por Singapura e Hong Kong. O Brasil ficou bem atrás de países como China (31º colocado), Turquia (33º), Chile (59º) e México (60º). Por outro lado, ficou à frente de vizinhos como Argentina (126º) e Venezuela (188º).

“Este ranking prova que quanto mais um país investe em sistemas de facilitação e desburocratização, mais ele atrairá negócios internacionais. Agora, não se trata apenas de facilitar para o empresário que já reside no país, mas investir para alcançar atratividade no cenário de empresas globais. Esse é um caminho para fortalecer a economia, a exemplo do que está sendo feito nos Estados Unidos”, pondera Duek.

Mercado positivo

Os EUA estão no grupo das dez economias que registraram maior facilidade ao fazer negócios, conforme o Doing Business, junto a outros países como Dinamarca, Coreia do Sul, Geórgia, Reino Unido, Noruega e Suécia. Para alcançar e manter esse bom status, medidas de facilitação foram tomadas de maneira efetiva.

O relatório do Banco Mundial revelou que os norte-americanos, dentre outras coisas, facilitaram o início de um negócio, apresentando o arquivamento online da declaração de informações para responsabilidade limitada de empresas. O país também tornou o pagamento de impostos menos oneroso, diminuindo a taxa de imposto de renda. Esta reforma se aplica às cidades de New York e Los Angeles, mas, tem impactos pelo restante do país. Os EUA também facilitaram execução de contratos com a introdução de arquivamento eletrônico e pagamento eletrônico de custas judiciais.

Não à toa, em solo americano, a positividade de pequenas empresas com relação à facilidade de fazer negócios no país está aumentando. O Small Business Index, da MetLife e da Câmara de Comércio dos EUA, mostrou que as pequenas empresas se sentem bem e confiantes com a economia americana. O estudo revelou que 59% das pequenas empresas pesquisadas acreditam que a economia nacional está com boa saúde, seis pontos percentuais acima do primeiro trimestre deste ano.

“Enquanto o Brasil não compreender a relevância de se ter uma política favorável para atrair empresas e gerar empregos, não teremos novidades positivas neste contexto. O aumento de empresas nos EUA, por exemplo, contribuiu para o menor índice de desemprego dos últimos 50 anos estipulado em 3.5%. Somente as empresas brasileiras nos EUA, até 2017, geraram mais de 74 mil vagas de trabalho”, conclui André Duek.

*Atuante há 33 anos no mercado nacional e internacional, André Duek é um empresário com experiência na gestão de grandes empresas no Brasil como as marcas de moda Forum e Triton. Nos EUA há 7 anos, consolidou, entre vários negócios de sucesso, como a Duek Realty que é uma boutique imobiliária especializada em atender estrangeiros e a primeira empresa de locação de motorhomes gerida por brasileiros no país, a Duek Motorhomes. Fora do escopo empresarial, é comentarista de automobilismo na TV, rádio e na maior plataforma de streaming digital de esportes do mundo.