Conversando com Carlos Vaz é possível ver seus olhos brilharem quando ele fala do que construiu, vindo do nada. Sua trajetória é o que se pode chamar de lição de vida para aqueles que acreditam na meritocracia para chegar ao sucesso.
Na verdade, serve como o roteiro para um filme motivacional. Um jovem filho de açougueiro e uma dona de casa do sul de Minas Gerais desembarca em Boston com $300 na carteira e cheio de sonhos na cabeça. Como nunca acreditou em em contos de fadas, ele fez o que era preciso para se manter. Trabalhou duro em dois e até três empregos para se manter na cidade de Massachusetts, uma das mais caras dos Estados Unidos para se viver.
Em Boston, Vaz começou a trabalhar na construção e reforma de casas, aprendendo tudo sobre o mercado imobiliário. Para aprofundar o conhecimento, fez um curso na New York University, indo e voltando de ônibus de Boston para Nova York toda semana, chegando em casa às 2:30 a.m. e voltando ao trabalho às 6:00 a.m. A sede de aprender sempre o motivou e é algo que se percebe nitidamente logo nos primeiros contatos com ele. “Assim que concluo um curso, já estou pensando em fazer o próximo”, confessou o irriquieto empresário.
A fim de tornar seu sonho em realidade, o jovem Carlos concentrou seus esforços no trabalho e no aprendizado. Para aprender inglês, investia em livros, filmes e programas na TV. Oitavo de nove filhos, ele se lembra da perda do patriarca da família, seu pai Eurico, um dos momentos mais difíceis da vida. Só voltou a ver sua mãe, Neusa, depois de vários anos nos Estados Unidos. Até rever toda a família, foram 12 anos fora do Brasil. Todo este sacrifício, porém, foi recompensado.
Sem ter nenhum apego a Boston ou a seus moradores, o determinado empresário traçou um plano ousado. Depois de muita pesquisa, concluiu que a oportunidade para crescer com imóveis estava em Dallas, no Texas. Mudou-se para lá com suas economias sem conhecer ninguém na cidade. Os resultados mostram a importância da lição de casa bem feita. Com a economia aquecida e projeções de crescimento mantido para as próximas décadas, o estado do Texas é um dos que mais avança nos Estados Unidos era a base ideal para que a empresa de Vaz florescesse.
Com base nessas informações, Vaz monta uma empresa em Dallas, no Texas, e vira empresário de sucesso nos Estados Unidos. A empresa criada por ele adquiriu quase 10 mil imóveis e movimentou ativos de cerca de $900 milhões. A trajetória de vida do brasileiro Carlos Vaz, hoje um texano de coração, co-fundador e CEO da Conti Real Estate Investments, especializada no mercado imobiliário de Dallas, é o que ser pode chamar de um case de sucesso.
Batizada com o nome de solteira de sua mãe, a Conti Real Estate Investments foi fundada em 2008 e se tornou a plataforma perfeita para que ele desse novos saltos. Fez diversos cursos, entre eles um especialmente para presidentes de empresas na Harvard Business School, e outro na famosa academia militar de West Point.
Virou conselheiro de entidades de peso em seu setor, como o National Multifamily Housing Council, o Forbes Real Estate Council, Urban Land Institute e Young Presidents’ Organization. Com o sucesso veio o reconhecimento como liderança em seu segmento no ramo imobiliário, com inúmeras premiações conquistadas.
Crescimento econômico do Texas surpreende investidores brasileiros
Seu apego ao Texas faz todo sentido. Se fosse um país, o estado estaria entre as 10 maiores economias do mundo, com um PIB de $1.64 trilhão, segundo o Banco Mundial. Esse dado, além de projeções que mostram o Texas e a região metropolitana de Dallas entre as que mais vão crescer nas próximas décadas, surpreenderam empresários e investidores brasileiros em palestra dada por Carlos Vaz recentemente.
Os números sobre o Texas desafiam a visão habitual de investidores brasileiros, condicionados a buscar novos negócios, em especial os imobiliários, na Flórida, New York e Califórnia, regiões onde o cenário já não é tão vantajoso quanto em outros tempos. Em sua apresentação, Vaz trouxe uma visão sistêmica do segmento imobiliário americano, desenvolvida em sua carreira, com números consolidados e projeções para as próximas três décadas.
“Com um índice de desemprego de apenas 3.2%, de acordo com o Departamento de Trabalho dos EUA, e ocupação de imóveis comerciais de 94%, segundo o censo mais recente, Dallas é um ótimo destino para investimentos na área imobiliária. Nos nossos negócios não há espaço para achismos. Tudo é decidido com base em pesquisas de mercado e dados demográficos, que nos Estados Unidos são muito precisos,” afirma Carlos Vaz.
Na Flórida, New York e Califórnia, estados mais lembrados por brasileiros, Vaz explica que muitas vezes o custo habitacional consome mais de 50% da renda média por causa da escassez de imóveis mais acessíveis e das demandas elevadas. Esse dado ajuda a explicar a economia aquecida no Texas, particularmente na região metropolitana de Dallas-Fort Worth, que recebe dezenas de recém-chegados de outras regiões do país todos os dias. A movimentação observada, segundo Vaz, aponta para uma busca por nichos de investimento mais estáveis no médio e longo prazos.
Nova forma de investir em imóveis nos EUA
Após ter feito o curso de Harvard em 2017, Vaz conheceu alguns investidores brasileiros que se empolgaram com seu modelo de negócio. Pouco a pouco, eles se aproximaram de Vaz e hoje os investidores brasileiros compõem um quarto dos investidores – fatia representativa na divisão dos investimentos captados por Carlos Vaz através da Conti Real Estate Investments.
Ele direcionou seu foco para uma modalidade de investimento imobiliário que há décadas faz sucesso nos Estados Unidos e vem atraindo a atenção de investidores brasileiros que, até recentemente, entendiam que comprar um imóvel na Flórida ou em New York seria a forma ideal de aplicar seu dinheiro. A evolução demográfica e econômica nos EUA está alterando comportamentos, chamando atenção para investimentos em projetos conhecidos como ‘multifamily’, ou multifamiliares.
São conjuntos de imóveis residenciais exclusivamente para aluguel, atendendo à demanda crescente por essa alternativa e a queda no interesse dos americanos pela compra da casa própria. A escassez de imóveis com preço acessível, dificuldades para obter financiamentos elevados e a mudança nas prioridades dos jovens profissionais, mais interessados em mobilidade e em avançar suas carreiras do que em adquirir a casa própria, explicam a procura cada vez maior pelo imóvel de aluguel.
Especializada em investimentos no segmento multifamiliar nos EUA, a Conti detectou essa migração para o aluguel e vem crescendo junto com ela desde sua fundação em 2008. A empresa concentra suas atividades em Dallas, onde possui 27 conjuntos multifamiliares com cerca de 7.400 apartamentos. O volume de transações da Conti supera os US$ 900 milhões.
“Compramos conjuntos residenciais, em geral de até 500 apartamentos totalmente administrados pela Conti, e abrimos o projeto para investidores, que dessa forma, como cotistas, passam a ter renda mensal. Essa forma de investir é na maioria das vezes mais rentável e com menos risco do que a simples compra de um imóvel que, com o tempo, pode até gerar perda na hora da venda,” explica o CEO e co-fundador da Conti.
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