O caos está instalado em todo mundo. Depois da crise ocorrida na China, sobretudo na província de Wuhan, epicentro do coronavírus, autoridades chinesas do Departamento de Saúde declararam que a contaminação está em declínio no gigante asiático. Outros países da região como Coreia do Sul e Japão também conseguiram controlar a epidemia, enquanto a Europa se tornou a região mais afetada, sobretudo Itália, França e Espanha.
Em decorrência da disseminação exponencial do coronavírus, o presidente Donald Trump determinou a proibição de voos internacionais para a Europa a fim de diminuir o aumento da transmissão deste vírus. Em função disto, as empresas aéreas americanas estão tomando medidas para reduzir o prejuízo. Pelo fato de o Atlântico Norte ter as rotas mais lucrativas, a American Airlines decidiu deixar 75% de sua frota no solo a fim de diminuir o impacto econômico sobre a empresa.

Manoel Suhet
A decisão da companhia foi abrupta, começando no dia 16 de março e estendendo-se até 6 de maio. E atingiu em cheio outros destinos além da Europa. Assim, os voos provenientes de New York e Miami para o Rio de Janeiro; de Dallas, New York e Miami para São Paulo, e de Dallas e Miami para Santiago, Bogotá, Quito, Guayaquil e Lima foram suspensos, assim como aqueles de Miami para Brasília, Manaus e outras cidades da Colômbia, El Salvador e Guatemala. “Isto pegou todos desprevenidos, porque o anúncio chegou na madrugada de domingo, dia 15”, admitiu Manoel Suhet, CEO da Business Traveler Deals – bTd.
Pegos de surpresa, os passageiros entraram em pânico, porém, American Airlines ofereceu alternativas aos seus passageiros: remarcar voos para depois de 6 de maio ou pedir reembolso pelo valor pago pela compra das passagens. Suhet disse que isto causou desconforto tanto para os americanos que desejam voltar do Brasil para cá como para os brasileiros que queriam retornar para lá. O último voo da American Airlines saiu de São Paulo na noite de 16 de março.
Outras companhias continuam operando
A atitude da American Airlines não foi ainda seguida pelas concorrentes. Embora algumas empresas aéreas estejam reduzindo alguns voos, Latam, Azul, Copa, Avianca, Aeromexico, Delta e United continuam voando, assim como a Gol, que já anunciou que estará operando voos internacionais até 23 de março. Para complicar ainda mais, os governos do Peru, Chile e Argentina não estão mais aceitando voos interrnacionais. “Brasil ainda não determinou isto, mas a Azul cancelou voos para Belo Horizonte e Recife para concentrar os voos de Orlando e Fort Lauderdale para seu hub em Viracopos, Campinas e mudou voos de Lisboa a São Paulo, via Recife”, afirmou Suhet.
O encolhimento dos voos tem provocado insatisfação de muitos passageiros. Alguns até mesmo pedem a intervenção do Consulado Geral do Brasil em Miami para resolver este problema. O Consulado não tem como intervir em uma negociação com uma empresa privada. Além disto, o cônsul geral do Brasil em Miami, João Mendes Pereira, determinou o fechamento da representação diplomática por tempo indeterminado, atendendo apenas aos casos urgentes a fim de evitar muitas pessoas em um recinto fechado.
Por ter sido vice-presidente da Latam Airlines na América do Norte, Manoel Suhet diz entender a decisão da American Airlines. Agora, do outro lado do balcão, tem se esforçado em atender os clientes da bTd. “Por termos uma estrutura enxuta e com uso de tecnologia, somos capazes de prestar assistência personalizada aos nossos clientes e resolver os problemas com a flexibilidade das aerolineas como remarcação de viagens para outra data sem penalidade”, assegura o empresário do setor de viagens corporativas que atua nos EUA, Portugal e Brasil.
Esse atendimento personalizado faz a diferença. Quem compra direto das companhias aéreas precisa ficar muito tempo na espera para ser atendido pelos call center que estão congestionados. E aqueles que compram de agências online têm ainda mais dificuldade para conseguir solucionar o problema, pois tudo é feito online e os passageiros ficam à mercê da boa vontade das agências virtuais.
Ninguém sabe até quando vai permanecer esse impasse, porém, especialistas já calculam em cerca de $20 bilhões o impacto somente sobre o setor de transporte aéreo nos EUA. “Entretanto, toda cadeia está sendo impactada, com prejuízos para o setor hoteleiro, cruzeiros marítimos, bares e restaurantes, eventos, alem das agências de viagens etc. Algo ainda que não pode ser medido em números, por isso temos orientado os passageiros a utilizar o waiver de penalidade e deixar aberta a passagem para reduzir o impacto na indústria”, finalizou Manoel Suhet.
Comunicado do Consulado Geral do Brasil em Miami
Fechamento Temporário do Consulado-Geral
Em razão das medidas adotadas pelas autoridades norte-americanas diante da situação emergencial do novo coronavírus (Covid-19), incluindo o fechamento de estabelecimentos e cancelamento de eventos públicos, e tendo em vista a necessidade de proteger a saúde de funcionários e consulentes, o Consulado-Geral informa que estará fechado ao público por tempo indeterminado a partir de amanhã (quarta-feira), 18 de março, e emitirá documentos consulares apenas nas seguintes situações emergenciais:
- Turistas com passaporte extraviado/roubado;
- Falecimento;
- Hospitalização.
- a) Atendimentos consulares já agendados para os próximos dias serão cancelados e remarcados oportunamente;
- b) Serviços consulares emergenciais deverão ser solicitados pelo e-mail “consular.miami@itamaraty.gov.br”, em que deverão constar: a palavra “ATENDIMENTO EMERGENCIAL” no campo “assunto”; texto curto justificando a emergência; e documentos que comprovem essa situação excepcional; além de dados de contato. A pertinência dos pedidos será avaliada, caso a caso, pela autoridade consular;
- c) Casos de assistência consular, como hospitalização, prisão ou falecimento de dependentes, resolução de pendências imigratórias, e outras eventuais situações, poderão ser tratados pelo telefone +1 (305) 801-6201 ou pelo e-mail “assistência.miami@itamaraty.gov.br”.
O Consulado-Geral conta com a compreensão da comunidade para a excepcionalidade desta situação e espera retomar o atendimento regular assim que as condições permitam.
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