As restrições geradas pela Covid-19 podem colocar em risco pequenas e médias empresas (PMEs) do setor de alimentação na América Latina. Estudo realizado pelo Boston Consulting Group (BCG) em quatro países (Brasil, México, Colômbia e Peru) revela que, com um declínio potencial de 60% a 80% nas vendas durante um mês, entre 75% e 80% de estabelecimentos que servem alimentação no local, como pequenos restaurantes, bares e cafés, correm o risco de fechar as portas, atingindo algo em torno de 3.8 a 4.2 milhões de empregos na região.
O estudo do BCG também faz previsões para lojas tradicionais (mercearias, lojas de conveniência, etc). Em um primeiro momento, esses estabelecimentos devem registrar um aumento na demanda por produtos básicos, seguido por um declínio da receita no longo prazo, à medida que a recessão ocorrer e a renda das famílias diminuir. Em razão dos choques de demanda de curto prazo e levando em consideração crescimento anual do PIB de -1% a -6% (faixa projetada para países da América Latina), de 20% a 25% das lojas tradicionais estarão altamente vulneráveis a fechamento, colocando mais de 800 mil empregos em risco nos quatro países analisados.
A projeção indica ainda que as PMEs da região também serão bastante afetadas pelas restrições econômicas e pela recessão resultante, com consequências significativas a longo prazo, à medida que essas empresas lutam para permanecer solventes. “Isso é especialmente preocupante porque pequenas e médias desempenham um papel vital na vida das pessoas no continente e são uma grande fonte de emprego formal e informal e de renda para milhões de pessoas”, afirma Daniel Azevedo, sócio do BCG e um dos autores do estudo.
A contribuição de serviços de alimentação no local e lojas tradicionais é especialmente importante para a economia latino-americana, respondendo, conforme o estudo, por mais de 95% dos pontos de venda e mais de 50% das vendas de alimentos e bebidas.
O executivo pondera que os serviços de entrega e o comércio eletrônico estão crescendo em meio às restrições econômicas, porém elas beneficiarão principalmente as grandes empresas. No Peru, onde um estado de emergência foi anunciado em meados de março, o comércio eletrônico de supermercados aumentou 12%, com uma expansão de 49% no valor do tíquete. Já no Brasil, no México e na Colômbia, as pesquisas do Google por serviços de entrega como Rappi, Uber Eats e iFood aumentaram 95% nas últimas duas semanas de março. “Esses serviços podem fornecer um fluxo de caixa contínuo para os restaurantes, mas a cobrança de taxas de comissão e exigência de um contrato formal podem tornar esses serviços inacessíveis para microempresas ou informais”, revela.
Na ausência de intervenções para apoiar pequenas e médias empresas, um mês de restrições econômicas poderia, em uma estimativa conservadora, resultar na perda de 4 a 5 milhões de empregos nos setores analisados nos quatro países avaliados. A perda desses negócios teria efeitos também sobre clientes, fornecedores, distribuidores e outras partes interessadas e inibiria a capacidade das economias da América Latina de se recuperar depois que a recessão terminar. “Nesse contexto, muitas PMEs precisarão de ajuda direta dos governos locais para sobreviver no curto prazo. Da mesma forma, a colaboração do setor privado será fundamental para manter o ecossistema do mercado que permite que os produtos manufaturados atinjam os clientes finais”, aponta.
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