Ainda é cedo para avaliar a total extensão dos impactos econômicos, mas a experiência da China com epidemias nos últimos 20 anos é capaz de fornecer uma noção do que o surto do coronavírus pode significar para a economia do país asiático.
Segundo a consultoria Bain & Company, entre as epidemias passadas – gripe aviária, gripe suína e SARS – apenas o surto de SARS de 2002-2003 parece realmente comparável. Até agora, o novo vírus parece ser menos mortal para os infectados, com uma taxa de mortalidade de 2% a 3% versus a taxa de 6.6% da SARS. Mas é muito mais contagioso – já alcançou oito vezes o total de casos relatados durante toda a epidemia de SARS, e o número de mortes agora também é maior.
O impacto econômico resultante será grave. Ambas epidemias desencadearam ações de contenção em todo o país. Mas, desta vez, o governo chinês agiu com mais rapidez e com medidas muito mais rigorosas, como uma quarentena generalizada, feriados nacionais prolongados, restrições às viagens em cerca de 20 províncias e controles locais de transporte.
Em termos financeiros, a maior diferença entre este surto e o de SARS é o tamanho da economia da China, que era de RMB (reinmibi) 13.74 trilhões em 2003. A SARS reduziu o PIB chinês em quase 1%, ou aproximadamente 100 bilhões de RMB. Em 2003, no entanto, o país asiático representava apenas 4% do PIB global. Com quase 100 trilhões de RMB hoje, a economia da China é sete vezes maior. Representa mais de 16% do PIB mundial e desempenha um papel crítico em muitas cadeias de suprimentos globais.
Embora inferiores às da SARS em termos de porcentagem do PIB da China, as estimativas atuais do impacto econômico do coronavírus indicam uma redução de 0.2% a 0.5% no PIB do país, que pode custar até RMB 500 bilhões.
Lições da SARS
O impacto da SARS na economia chinesa teve vida curta e se limitou basicamente ao segundo trimestre de 2003. A taxa de crescimento do PIB caiu 2 pontos percentuais naquele trimestre, mas depois se recuperou durante o restante do ano.
Para a Bain, outras diferenças podem ajudar a mitigar os danos econômicos no caso atual. A China de hoje é uma potência da Internet e do comércio eletrônico. Redes robustas de entrega offline e online podem ajudar a aumentar o consumo, mesmo com milhões de chineses em quarentena ou em feriados prolongados. Muitas dessas pessoas também podem continuar trabalhando remotamente, pelo menos compensando parcialmente as perdas de produtividade.
De fato, embora o consumo sofra o maior golpe econômico, a consultoria prevê que o impacto será diferente para cada setor. Embora os itens essenciais – como mantimentos, produtos de consumo não discricionários e produtos farmacêuticos – permaneçam fortes, o consumo offline sentirá os piores efeitos. Transporte, turismo, entretenimento, varejistas tradicionais, imóveis, alimentos e bebidas, automóveis e seguros serão duramente atingidos. Em Hong Kong, isso agravará o desafio de muitos desses setores, já prejudicados por oito meses de perturbação e agitação.
Feriados forçados e desafios na cadeia de suprimentos de matérias-primas e produtos acabados também causarão uma desaceleração de curto prazo na fabricação, embora a extensão das consequências seja diferente entre os setores.
A Bain & Company também espera ver uma queda de curto prazo nas exportações, com um efeito cascata global: as empresas multinacionais precisarão compensar as lacunas nas compras e manufaturas oriundas da China e até de fornecedores externos que dependem de seus produtos. O Bank of China International estima que o impacto a curto prazo nas exportações custará $30 bilhões. Isso também pode acelerar a diversificação já em curso por parte de muitas multinacionais de outros países para fornecimento e manufatura.
Sobre a Bain & Company
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