*Por Rodrigo Lins
Uma declaração polêmica do presidente Donald Trump surpreendeu os repórteres na Casa Branca. “Eu preciso que as pessoas venham aos Estados Unidos para administrar fábricas, gerenciar empresas e atuar nas indústrias que estão voltando ao nosso país. Nós precisamos de pessoas”, afirmou o chefe de Estado que ficou famoso por endurecer as normas imigratórias nos EUA.
Muito além do espanto causado pela afirmação – totalmente contrária às duras medidas empreendidas no sistema imigratório ao longo dos dois anos de governo -, a declaração de Trump revela um perfil de imigrantes que o presidente pode estar interessado em seguir atraindo para os Estados Unidos.
Seguindo o movimento de internacionalização de empresas – iniciado em meados da década de 90 – vivemos agora, não apenas nos Estados Unidos, um movimento semelhante, porém, da mão-de-obra dessas empresas que ultrapassaram fronteiras e foram se estabelecer em outros países. Nos EUA, já é possível ver profissionais japoneses trabalhando em Manhatan, engenheiros canadenses atuando na Flórida e brasileiros com qualificação profissional excelente atuando em cargos de alto comando em empresas americanas.
Esse fenômeno encontra base na oferta de vistos de habilidades extraordinárias e profissionais (EB1-A, EB-2, entre outros) pelos EUA, que premiam com o documento de residência permanente (o Green Card) profissionais com carreiras excelentes e com alto nível técnico. Profissionais de Engenharia, Arquitetura, TI, áreas de Saúde, Dança, Teatro, Arte, gestores de grandes empresas, atletas, entre várias outras áreas, podem submeter seus currículos ao crivo de análise do governo americano e entrar nos EUA pela porta da frente. Esta é uma saída que cada vez mais brasileiros estão optando para internacionalizar suas carreiras.
Como um profissional brasileiro que viveu essa experiência, posso assegurar que o presidente Donald Trump, muito embora tenha dificultado o sistema imigratório americano, não fechou as portas para solicitantes desta modalidade de visto, conhecido como “Visto Einstein”. Ao contrário, com a menor taxa de desemprego nos EUA dos últimos 50 anos, Trump sabe que precisará de mão-de-obra qualificada para garantir o pleno funcionamento da maior economia do mundo.
Não por outra razão destaco em meu livro: “Internacionalize-se: Parâmetros para levar a carreira profissional aos EUA”, este novo perfil de imigrantes que encontra na terra do Tio Sam a possibilidade de estabelecer sua vida e carreira. Este novo imigrante não está disposto a abandonar os anos de trabalho, estudo e investimentos realizados no Brasil para “começar do zero” uma vida nos EUA. Trata-se agora de brasileiros que querem expandir seus termos profissionais e viver uma experiência internacional vantajosa, não apenas do ponto de vista financeiro.
Seguramente, o que Trump deixa claro em sua afirmação é que haverá cada vez menos espaço para imigrantes que violem as intenções de seus vistos (indo aos EUA para trabalhar com vistos de Turista e Estudante, por exemplo) e mais espaço para quem planeja uma imigração legal, com suporte jurídico qualificado e especializado nas leis americanas. É este o perfil de imigrante que Donald Trump quer abrir as portas dos Estados Unidos.
*Rodrigo Lins, mestre em Comunicação, especialista em linguagem audiovisual, professor universitário, é jornalista e escritor. Atualmente é residente permanente nos Estados Unidos sob o Green Card conhecido como ‘Einstein Visa’ – que o governo americano concede aos profissionais estrangeiros mais renomados em suas áreas e países. Atualmente Rodrigo gerencia a Onevox Creative Solutions – uma agência de comunicação, marketing e imprensa com sede na Flórida e filiais no Brasil, Canadá e Europa. Em 2018 escreveu um livro sobre como internacionalizar a carreira profissional para os Estados Unidos legalmente e está em turnê de lançamento da obra.
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