O presidente da Fiesp e do Ciesp, Paulo Skaf, abriu a série de encontros Diálogo pelo Brasil, em Jundiaí, na sexta-feira (17/5). Em debate com lideranças empresariais da região, em auditório lotado do Ciesp, a conjuntura política e econômica e as reformas da Previdência e Tributária foram temas prioritários neste momento de transição de novo governo que envolve expectativas e requer diálogo.

“Temos vários desafios, como a reforma da Previdência. O empresário brasileiro está preocupado com o desenvolvimento, o crescimento e a geração de empregos”, avaliou, lembrando que essa reforma está sendo discutida há décadas e o ideal para o Brasil seria economizar R$ 1 trilhão em 10 anos, o que representa uma economia de R$ 100 bilhões por ano. “É extremamente importante que a reforma ocorra, pois 52% do orçamento do governo federal vão para a Previdência. Se nada for feito, daqui a 15 anos esse percentual chegará a 100%. A conta não fecha de jeito nenhum. A reforma precisa ser aprovada. Ela vai ser”, afirmou. Em sua avaliação, a reforma será o divisor de águas para atrair novos investimentos e dar novo fôlego à economia. Para Skaf, a reforma Tributária é outra medida importante, mas, requer cautela para não “sermos surpreendidos com o aumento de impostos”, alertou.

A preocupação com o desemprego é comum aos empresários e trabalhadores. “São 13 milhões de pessoas que se somam aos cerca de 7 milhões de desalentados. Ou seja, mais de 20 milhões sem trabalho, o que impacta talvez 40 milhões, 50 milhões de pessoas, ou 25% da população brasileira. Temos um grande problema para o país”, afirmou Skaf.

Segundo ele, o crescimento do Brasil está atrelado ao desempenho da indústria. “Um país de mais de 200 milhões de habitantes não pode abrir mão de sua indústria, que deve ser forte e saudável. O Brasil já tem este patrimônio”, frisou.

Cenário de oportunidades

No encontro, o presidente da Fiesp/Ciesp avaliou que no mundo há excesso de liquidez e o Brasil é bom cenário para fortes investimentos. Skaf elencou diversas áreas que podem atrair investidores estrangeiros, tais como petróleo e gás, pré-sal, energia (solar e eólica), celulose – com sua forte produção –, alimentos e bebidas, além da representativa cadeia do agronegócio. “Há muitos setores da indústria de transformação desenvolvidos, bom clima, um mercado consumidor de 200 milhões e somos talentosos. É só pôr o país nos trilhos e pegar velocidade. Eu acredito muito no Brasil”, afirmou.

Desburocratização para produzir

Diversas sugestões da Fiesp e do Ciesp foram avaliadas pelo governo federal a fim de simplificar a vida de quem quer trabalhar e produzir. Em seu diálogo com empresários, foram debatidos o bloco K, a Substituição Tributária e impostos que estão sendo cobrados ‘a maior’, o e-Social que deve apresentar novidade nos próximos dias, alterações quanto à Zona Franca de Manaus e, inclusive o excesso de normas, como a NR12. “Uma coisa é a segurança do trabalhador, outra é o exagero que encarece as nossas máquinas”, disse. Também foi debatido o sistema de Logística Reversa criado pela Federação das Indústria do Estado de São Paulo para que os empresários possam cumprir as metas e dar destinação aos resíduos sólidos.

Desafios da educação para o desenvolvimento

Na avaliação de Paulo Skaf, com a realização das reformas, deve-se avançar em outras discussões importantes, como a educação. “Temos 3.500 crianças em três unidades do Sesi em Jundiaí, entre Ensino Fundamental e Médio, para as quais não irá faltar educação de qualidade. Aqui, esses alunos estudam em escolas inseridas na era digital, na era da tecnologia, recebem alimentação, praticam esportes e participam de atividades culturais, ou seja, formação educacional completa. Devemos lembrar que educação não se faz somente dentro da sala de aula, porém em todos os ambientes escolares. É assim no Sesi-SP e também no Senai-SP, afirmou o presidente das entidades.

Cenário econômico

Algumas medidas devem ser tomadas no curto prazo a fim de aquecer o cenário econômico, na opinião de Skaf. Por isso, ele defendeu algumas ações imediatas, tais como a liberação do PIS-Pasep, das contas inativas do Fundo de Garantia e a redução dos juros para as empresas, pois o spreadbancário é “absurdo no Brasil”. Skaf diz que as reformas garantirão base segura no longo prazo, mas precisamos de medidas urgentes hoje, para que a economia consiga respirar. “Sendo realista, não pessimista, o crescimento para 2019 está comprometido e deverá ser perto de zero. A menos que as medidas que temos sugerido para o curto prazo venham com muita eficiência e surtam reação surpreendente, para salvar o ano”, concluiu, lembrando que o novo governo começou há pouco e é preciso ter um pouco de paciência.

Os próximos encontros de Diálogo pelo Brasil ocorrerão em Guarulhos (21/5) e Sorocaba (22/5).