A pandemia pegou a BizBrazil Magazine. No momento em que a revista decolava e se consolidava como um importante informativo no mundo dos negócios brasileiros nos Estados Unidos, a covid-19 paralisou as atividades e nos obrigou a um recesso até que houvesse condições mais favoráveis de voo. Esse momento chegou. Se a pandemia não acabou, pelo menos o mundo já aprendeu a lidar com ela. Hoje, prevenções e vacinas tornaram o mundo mais próximo do que era antes da covid-19, e a BizBrazil Magazine está de volta com uma edição especial sobre Real Estate – o mercado imobiliário.
A movimentação no mercado de imóveis na Flórida mais que dobrou desde o final de 2019. Segundo um relatório da Douglas Elliman, em 2020, primeiro ano da pandemia, somente no condado de Palm Beach houve um aumento de 268% no número de contratos de compra e venda de imóveis com valores acima de $1 milhão. Em Miami-Dade, os números não foram menores. Essa tendência de alta manteve-se desde então, superaquecendo o mercado no estado. Hoje, a média para o tempo que leva para se negociar um imóvel na Flórida é de 61 dias, incluindo colocação da oferta no mercado, negociação, financiamento e fechamento do contrato. Em 2021, esse tempo era de 70 dias. Há casos, entretanto, em que os imóveis recebem ofertas imediatamente após colocados à venda e são vendidos em menos de uma semana. A escassez tem obrigado os compradores a disputarem as ofertas em verdadeiros leilões, desembolsando às vezes bem mais que o valor da oferta inicial. O resultado disso tudo foi um aumento de 32% no valor dos imóveis no estado desde o começo da pandemia, com o valor médio de uma propriedade ultrapassando os $380 mil, um recorde histórico.
Há várias razões para explicar o crescimento. A mais popular é que a pandemia alterou os hábitos de vida das pessoas que moram nos grandes centros urbanos do País, como New York, Chicago e Los Angeles. A prática do work from home possibilitou o distanciamento do local de trabalho, proporcionado ao trabalhador a opção de escolher onde quer morar, independente da proximidade de um escritório. E mesmo que os imóveis na Flórida tenham aumentado bastante, eles ainda estão bem mais acessíveis que sua contrapartida nos grandes centros urbanos americanos. O preço médio de um imóvel em New York, por exemplo, é de $654 mil, quase o dobro da Flórida. Faz todo sentido trocar um imóvel menor num grande centro, frio e caótico, por um maior e mais confortável, ao sol e calor do Sunshine State.
Muita gente se pergunta se essa expansão não vai acabar estourando em uma bolha, como em 2008. A comparação, entretanto, não procede. A crise de 2008 foi causada basicamente pelos abusos no mercado de subprime mortgages, hipotecas de alto risco oferecidas indiscriminadamente, que promoveram uma especulação imobiliária sem o estofo da regra de oferta e procura. Para complicar, as hipotecas de alto risco foram reunidas em pacotes de fundos de investimentos, os chamados hedge funds, negociados no mercado financeiro. A previsível insolvência dessas hipotecas causou um efeito cascata de desvalorização generalizada que quase quebrou a economia americana, levando bancos e financeiras à beira da falência.
O cenário atual está muito longe disso. Hoje, o aquecimento é causado pela relação econômica natural de oferta e procura, e as condições de financiamento são muito mais regulamentadas que pré-2008, com menor risco de aprovação para subprimes. Hoje, uma queda brutal no valor dos imóveis é altamente improvável. A tendência é de estabilidade a médio prazo.
Por conta desse momento extraordinário, resolvemos marcar esse renascimento da BizBrazil Magazine com uma edição especial sobre o mercado imobiliário na Flórida. Ouvimos especialistas e entrevistamos profissionais de sucesso ligados ao ambiente real estate para saber opiniões e tendências para os próximos anos. A julgar pelos relatos, o Sunshine State promete permancer por muito tempo ainda um atrativo irresistível para quem busca qualidade de vida perto do sol e do mar.
Boa leitura.
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