De repente, do nada, surgiu uma nova opção de investimento: criptomoedas. Após um longo período de hibernação, Bitcoin tornou-se um ativo bastante cobiçado. Uma moeda sem nenhum vínculo com qualquer Banco Central e que não pode ser depositada em contas bancárias pode ser o futuro em termos de dinheiro.
Para falar sobre esse tema, a BACCF (Brazilian American Chamber of Commerce of Florida) realizou um almoço-palestra no dia 25 de abril, em Miami, para que os representantes da Belvedere Capital Advisor pudessem expor as vantagens e os riscos de possuir este tipo de moeda durante apresentação da Fintech Revoution – ou seja, a entrada definitiva da tecnologia no mercado financeiro.
Os palestrantes John Abbot e Song Kim abriram a exposição com o case Bitcoin, ou como a criptomoeda decolou entre maio e dezembro de 2017 – mês onde atingiu seu ápice, cotada a $20,000 – e depois refluiu. As razões apontadas pelos especialistas foram as preocupações referentes ao compliance e à falta de aplicações tangíveis aliada à sua adoção pelo mainstream.
O empreendedor David Sacks, criador da Harbor, aposta em melhor controle para que tokens e criptomoedas possam ser negociados sem nenhum tipo de inconveniente ou susto. O chairman do SEC Jay Clayton tornou clara a preocupação de seu órgão e da Commodity Futures Trading Commission em relação à negociação com os ICO (Initial Coin Offerings) e criptomoedas. “Quando se tem um mercado de câmbio desregulamentado, a possibilidade de se manipular os preços sobe significativamente”, disse Clayton ao Comitê de Bancos do Senado.
O testemunho de Clayton vem bem a calhar para a Harbor, uma nova companhia de tecnologia blockchain que acabou de levantar $10 milhões de um grupo de investidores interessados, que inclui Valor Equity Partners, de Chicago; firma de investimentos em imóveis com foco em tecnologia Fifth Wall Ventures; a Vy Capital, de Dubai; e Craft Ventures, um novo fundo de capital criado pelo próprio David Sacks.
A grosso modo, a Harbor afirma dedicar-se a proteger os emissores e investidores ao tornar mais fácil para eles operar de acordo com títulos, impostos e outras regulamentações no momento de se emitir e de negociar cripto títulos.
Harbor não está em busca de startups que armazenam dados descentralizados e aumentam dinheiro com a venda de tokens. Está mesmo de olho na nova onda de emissores e investidores — pessoas de instituições sólidas como imóveis e capital de investimento, além de fundos de companhias que não possuem ações na bolsa de valores.
Harbor pode funcionar, por exemplo, como uma companhia que possui e opera propriedades comerciais e regularmente emite títulos imobiliários como bonds ou ação em um edifício, mas que também precisa lidar com aspectos legais, como recolhimento de impostos e exigências mínimas para o investidor.
Outras vantagens dos títulos tokenizados são rapidez na execução dos negócios, valor das ações programáveis, acesso aos mercados globais 24/7, eliminação de intermediário e maior base de investidores.
No universo da Fintech Revolution, já há uma fatia do mercado imobiliário mundial que pode ser negociada através de moedas alternativas. O mercado imobiliário global tem um valor estimado em $217 trilhões, dos quais $54 trilhões pertencem ao setor de imóveis comerciais. A tokenização e a negociação sem fricção pode ser avaliada em $5 trilhões.
Como confiar neste mercado
Diagramas exibidos pelo pessoal da Belvedere demonstram como é possível confiar no sistema que permite emissão e compliance regulamentar a fim de garantir a seriedade das operações – a grande preocupação dos investidores, uma vez que o sistema não é regulamentado pelos bancos centrais dos países.
A Harbor, criada por David Sacks, resolveu as exigências de compliance, tais como regulamentações de mercados acionários, leis de taxação sobre negociações e outros temas correlatos usando quatro pontos básicos: KYC (Know Your Costumer), AML (Anti-Money Laundering), US Securities Laws, e Real Property Tax Act of 1980. Além disto, há também uma interface que embute compliance no token e pode ser aplicável através das plataformas de negociações e de jurisdições.
Para solucionar o problema de liquidez dos tokens e criptomoedas já existem operadoras virtuais como tZero (subsidiária da overstock e a primeira regulada pelo SEC e FINRA como sistema de negociação alternativa) e Poloniex, que está preparando locais de mercado nos quais podem ser acolhidos tokens que representam tudo de valor: bens materiais, fundraising e ações, imóveis, produções criativas, como obras de arte, música e literatura, aluguel de serviços, crédito, mercado futuro etc.
Ascensão de tokens com base em bens palpáveis inclui Index Resource ASA. de Oslo, Noruega (sustentada por minério de ferro e de níquel); Petro (sustentado por petróleo); Royal Mint Gold, Mint, Reino Unido (sustentada por ouro); TrustToken, plataforma de token sustentada em dólares e está pensando acrescentar euros, livros, filmes, patentes, timeshares etc., e aquelas sustentada por imóveis, como Propy, com foco em compra de imóveis fora das fronteiras, DmartRE, que propicia liquidez sobnre propriedades que as pessoas já possuem, e Estate Coin, Real, Caviar e outras mais.
O segredo para transacionar tokens securitizados é contar com quatro fatores: transparência, divulgação, atendimento à compliance regulatória, e liquidez. Os tokens citados acima reúnem essas condições. Por isto, a SEC (Security Exchange Commission) acredita que toda ICO (Initial Coin Offering) seja um título.
Por fim, Belvedere Capital Advisor falou sobre blockchain, ainda uma incógnita para boa parte das pessoas. Blockchain consiste de uma lista de documentos (ou blocos) ligados e seguros usando criptografia; ledgers descentralizadas que documentam transações de maneira eficiente e permanente; e possibilita contratos inteligentes executados automaticamente com base em condições anteriores.
Os atributos que tornam blockchain algo especial são imutabilidade do ledger, a rapidez para fechar negócios (10 minutos ou menos), riscos de segurança reduzidos associados com a centralização, facilidade de auditoria, e necessidade reduzida de confiança.
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