*Por Rodrigo Fonseca e Luís Fernando Panelli 

Por causa de nossa profissão somos obrigados a viajar mundo afora com frequência. O que impressiona é a absoluta ausência das marcas brasileiras no exterior, sobretudo no varejo. Fora as Havaianas e alguma marca de proteína animal, não se vê nada. Isso para um País que tem uma indústria da moda, por exemplo, poderosa e superprodutiva, mas que no exterior praticamente não existe (somos 33º lugar no mundo, mas 5º em tamanho).  

Somos um dos maiores fabricantes de jeans no mundo, mas no exterior ninguém conhece uma marca brasileira. Encontrar talheres da Tramontina num restaurante em San Antonio, no Texas, é uma revelação. E um prazer. Mas eles são raríssimos. 

Mesmo na Argentina, depois de 30 anos de integração, se você entrar num supermercado argentino não vai encontrar um produto ou marca brasileira. Faça o teste e comprove. Isso não pode continuar. O que fazemos em promoção de exportações de nossas marcas é pouco, descoordenado e sem criatividade.  

E não culpem os governos por isso. Criar uma marca é oneroso e demorado, além de precisar de estratégia e conhecimento dos mercados. Isso só a iniciativa privada, comércio associado à indústria, pode gerar. O Japão e a Coreia são um exemplo a seguir. O que fizeram nos últimos anos foi espetacular, superando competidores internacionais poderosos.  

Cazaquistão: quantos empresários no Brasil sabem que aquele país é rico (petróleo), dinâmico e com uma população do tamanho do Chile, com renda per capita superior. Um mercado de construção civil que não para de crescer. Sabem quantas empresas brasileiras estão naquele mercado? Praticamente nenhuma, fora alguns escritórios de representação. O que vendemos são commodities, via tradings estrangeiras. Isso é certo? Simplesmente desconhecemos os mercados.  

Outro exemplo: a Guiana (capital Georgetown). País que mais cresce no mundo, com 20% este ano. Temos uma extensa fronteira com eles, no entanto, nenhuma estrada pavimentada e voos aéreos diretos somente criados em 2020 e suspensos por causa da pandemia.  

Quem conhece Moscou sabe que o comércio daquela cidade é fantástico hoje em dia. Shopping Centers de luxo, com marcas de prestígio do mundo inteiro. Sabem o que surpreende? Inexistem marcas russas. Vá a um shopping no Brasil. 90% das marcas, pelo menos, são nacionais. Por que somos tão fortes aqui dentro e inexistimos lá fora? Repetimos o mote: isso não pode continuar. 

Marca é prestígio, status, estilo de vida, poder econômico, emprego certo, ingresso econômico de divisas, entre outros. Precisamos urgentemente correr atrás desse objetivo. O Brasil tem uma imagem muito simpática no mundo, apesar dos pesares. Projetar nossa imagem positiva depende de trabalho e de criatividade. Vamos à luta: é um dever de todos vender nossas marcas lá fora. 

 

Luis Fernando Panelli is a career Diplomat and former director of In metro (Brazil’s Institute of Metrology, Standardization and Industrial Quality).

 

 

 

Rodrigo Fonseca is the Head of the Economic and Commercial Affairs Office of the Consulate General of Brazil in Miami ,their views expressed here are solely the authors own and their views and opinions expressed in this article are those of the authors and do not necessarily reflect the official policy or position of any agency of the Brazilian government. Examples of analysis performed within this article are only examples. They should not be utilized in real-world analytic products as they are based only on very limited and dated open source information. Assumptions made within the analysis are not reflective of the position of any Brazilian government entity.