O evento IV Brazil Florida Summit promovido pelo Brazilian Business Group (BBG) reuniu membros do grupo de empresários e pessoas interessadas em ouvir palestras sobre os momentos atuais da América Latina e do Brasil, em particular. O evento foi realizado na quinta-feira (14) no auditório da FAU em Fort Lauderdale.

Aymee Arias, professora da Florida Atlantic University (FAU) e especialista em América Latina, enfatizou o momento conturbado pelo qual está passando a região, com países como Chile, Bolívia e Venezuela vivendo momentos de indefinição.

A palestrante comentou que, apesar da América Latina estar em convulsão neste período, o subcontinente evoluiu em termos de democracia em comparação aos anos 70 e 80, onde prevaleceram regimes fortes e ditatoriais. Ela inclusive apresentou uma tabela mostrando os países latino-americanos divididos em três categorias: Livre (grupo em que está o Brasil); Parcialmente Livre, e Sem Liberdade: este grupo é formado por Cuba e Venezuela.

Do ponto de vista econômico, a década de 80 foi denominada de “Década Perdida”, em razão da crise de débito, hiperinflação e outros problemas de conjuntura internacional. Entretanto, mesmo com essas intercorrências, houve uma transição das ditaduras para o regime de mercado. Os países, porém, pecaram em não fortalecer a institucionalização do sistema de monitoramento das ações dos governantes (checks and balances) e consequentemente tiveram problemas em seguir suas próprias legislações.

Os movimentos de protestos na América Latina surgiram com força há cerca de um mês e meio. Eles, na verdade, vêm na esteira dos problemas de relações internacionais em todo mundo, como é o caso do declínio da importância das instituições globais e multilaterais. Aymee cita como exemplos as crises verificadas no seio do Mercosul e na dissociação verificada na União Europeia com o movimento Brexit que está separando o Reino Unido de seus parceiros europeus. Consequentemente, tem havido um aumento de instituições com focos bilaterais.

Números alvissareiros entre Flórida e Brasil

Conselheiro Rodrigo Fonseca

O conselheiro Rodrigo Fonseca, chefe do Setor Comercial do Consulado Geral do Brasil em Miami, mostrou que a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos em 2018 atingiu cerca de $70 bilhões, com superávit de $10 bilhões para os EUA, que exportaram em torno de $40 bilhões para o Brasil e importaram $30 bilhões aproximadamente de bens e serviços do maior país da América do Sul. Mesmo depois de passar por uma crise sem precedente, o Brasil figurou como o responsável pela 6ª balança comercial com os EUA.

No terreno dos desafios, Fonseca enfatiza que o governo brasileiro precisa se empenhar em eliminar as tarifas de importação elevadas impostas pelos americanos sobre os produtos têxteis, derrubar as quotas tarifárias sobre o açúcar e lácteos provenientes do Brasil, e quebrar as barreiras técnicas sobre alimentos brasileiros.

O diplomata informou ainda que o Brasil acaba de aderir ao Tratado de Madrid, o qual permite às importações gozar de fast track dos países ligados a este tratado. Ainda na linha das oportunidades, ele frisou que os EUA suspenderam os subsídios concedidos aos produtores de algodão, compram carne suína, reconheceram a cachaça como produto de origem controlada, entre outras ações.

Fonseca citou a pauta diversificada das exportações brasileiras para os Estados Unidos, e destacou o acerto da suspensão da obrigatoriedade de vistos para americanos, canadenses, australianos e japoneses. “Isto resultou em um aumento de 55% na busca de reservas para o Brasil como destino turístico”, comentou o diplomata.

Em termos de investimentos, o Brasil ficou entre as oito primeiras fontes de investimento direto nos Estados Unidos. Os brasileiros investiram $42 bilhões e empresas de origem brasileira geram mais de 78 mil empregos criados nos EUA.

Os números compilados de 2018 apontam que o comércio total entre Brasil e Flórida alcançaram $20.41 bilhões, quase o dobro da China, segunda colocada, cujo comércio fechou em $10.76 bilhões. O comércio entre Flórida e Brasil representa cerca de 29% de todo comércio realizado entre EUA e Brasil ($70.66 bilhões).

As companhias de cruzeiros marítimos, cujos navios partem dos portos de Miami e Fort Lauderdale, transportaram mais de um milhõa de brasileiros no período de 2016 e 2018, e atualmente há 100 voos semanais partindo de Miami com destino às cidades brasileiras.