Em novembro, investidores de fora do Brasil colocaram R$ 30 bilhões na Bolsa de Valores brasileira, maior valor desde 1995, quando esse dado começou a ser computado.
Segundo João Beck, economista e sócio da BRA, um dos maiores escritórios de renda variável da XP Investimentos, o movimento de entrada de recursos de fora no mês de novembro foi consequência das incertezas em relação à eleição americana e dos anúncios positivos recentes de diversas vacinas com potencial de eficiência acima de 90%.
“Com mais apetite a risco lá fora, um fluxo natural acaba respingando para mercados emergentes. O Brasil foi um destino potencial também por ter sido o país com a maior desvalorização da moeda dentre as economias relevantes. E isso acaba nos tornando ‘baratos‘”, explica.
As notícias positivas em relação às vacinas contra o novo coronavírus também impulsionaram esta alta nas Bolsas em outros países. Em novembro também, o principal índice da Bolsa do México sobe 13%. Na Coreia do Sul, o ganho é de 16%. Nos Estados Unidos, o S&P 500, da Bolsa de Nova York, avança mais de 11%.
O otimismo, porém, para ser contínuo depende de o governo brasileiro cuidar das contas públicas, além de fazer reformas. “No curto prazo, o país precisa mostrar mão firme no controle de gastos, além de prosseguir com sua agenda de reformas. A paciência do mercado tem prazo de validade. Pandemia é como uma guerra. E ainda nem saímos dela. Precisamos apagar o fogo contendo gastos e prosseguindo com reformas antes de falarmos em agenda positiva“, diz Beck.
Para o especialista, o investimento de fora no Brasil de forma sustentável depende também de perspectivas mais otimistas de crescimento do PIB. “O governo tem um papel importante nesse processo ao criar uma agenda que destrave os gargalos do nosso crescimento com mão de obra qualificada, logística, energia, saneamento, etc“, afirma.
Sobre João Beck
Especialista em investimentos e um dos sócios da BRA, um dos maiores escritórios credenciados da XP, com mais de 15 mil clientes e cerca de R$ 2,5 bilhões de ativos sob custódia com escritórios no Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba e São Paulo. Graduado em economia pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ, começou a carreira com vivência em bancos como Itaú, Bradesco e HSBC, instituição da qual saiu para começar uma carreira mais focada em investimentos. Em 2008, perdeu R$ 1 milhão que havia investido, e, quando trabalhou na Icap, maior corretora do mundo, chegou a morar na favela da Gardênia Azul, no Rio de Janeiro. Passou por corretoras como Ágora, Gradual Investimentos, TOV até chegar na XP Investimentos, onde atuou antes de se tornar sócio do escritório de investimentos BRA. Hoje, ultrapassou o valor perdido em 2008, se tornou empreendedor e é referência no mercado de investimentos.
Recent Comments