O evento promovido pela BACCF (Brazilian American Chamber of Commerce of Florida) foi um dos mais concorridos do ano. Convidados lotaram a área reservada do Coco Bambu para ouvir a apresentação de João Doria, ex-prefeito e atual pré-candidato ao governo do estado de São Paulo – atualmente ele vem liderando as pesquisas como o favorito para vencer em outubro.
Após a abertura do evento por parte de Antonio Cássio Segura, presidente da BACCF, o cônsul geral do Brasil em Miami, Adalnio Ganem, elogiou o arrojo de Doria, a quem conhece há mais de 15 anos.
Em sua exposição, Doria exaltou a comunidade empresarial do sul da Flórida – inclusive conhece vários empresários que estão radicados aqui – e conclamou a plateia a apoiar a candidatura de Geraldo Alckmin para a Presidência da República. Segundo ele, apenas um governo de centro é capaz de recuperar o potencial do Brasil, bastante abalado por causa das recentes administrações petistas.
Doria falou das ações feitas durante o curto período de tempo que passou à frente da Prefeitura de São Paulo, com destaque para combate aos gastos públicos e à burocracia. “Sob meu governo, ordenei que o Diário Oficial do Município fosse feito apenas na versão online para economizar custos de impressão. A iniciativa deu tão certo que outras cidades e estados do país resolveram adotá-la”.
Um tema que aborrece muitos empresários também foi enfatizado pelo palestrante. “Quando assumi, abrir uma empresa em São Paulo demorava 126 dias. Aí, fizemos um esforço e hoje quem quiser abrir uma empresa em São Paulo vai esperar somente quatro dias. Ou seja, é preciso ter vontade política para fazer as coisas. Por isto, sempre digo que não sou político. Estou político. Aceitei o desafio de administrar São Paulo porque sou paulistano, amo minha cidade e tudo que conquistei foi lá. Agora, tenho um desafio ainda maior, mas acho que seremos bem sucedidos também”.
Critíca aos extremismos
O pré-candidato ao governo do estado de São Paulo pelo PSDB nunca escondeu ser um crítico ferrenho do PT e seus satélites de esquerda, como PSOL, PCdoB, PDT e outros, porém, ele também rejeita a extrema direita, representada neste pleito por Jair Bolsonaro. “Digo isto por sentir na pele a brutalidade de um regime ditatorial, quando meu pai, então deputado federal, teve seu mandato cassado pela Revolução Militar e tivemos de abandonar o país, onde tínhamos uma boa condição socioeconômica. Com a morte precoce do meu pai, minha mãe teve de cuidar de mim e de meu irmão e tivemos de refazer nossas vidas”, relembrou.
Por isto, Doria tem ojeriza a tudo que Bolsonaro representa. “Em regimes extremistas, seja de esquerda ou de direita, não há liberdade de expressão, de imprensa, direitos humanos. É algo tão nefasto quanto extrema esquerda”. Indagado sobre preferência de alguns eleitores de votar nele para governador de São Paulo e em Bolsonaro para presidente, admitiu que não pode controlar os votos das pessoas, mas deixou claro que vai trabalhar duro para eleger Alckmin como novo presidente da República.
Ele afirmou identificar-se com os mais pobres por ter lutado e trabalhado bastante para alcançar seus objetivos. “Embora São Paulo seja uma cidade rica, há um cinturão de pobreza onde vivem muitas pessoas. Na campanha para prefeitura, saía de madrugada e ia conversar com este povo para saber deles o que desejariam de um prefeito. Graças a este trabalho intenso, saímos de 4% de intenção de voto para 53%, sendo o primeiro prefeito de São Paulo eleito ainda no primeiro turno”.
Doria está replicando o mesmo método na campanha pelo governo de São Paulo. Ele não se ilude com o fato de estar em primeiro lugar nas pesquisas e cobra empenho de sua equipe de campanha: “Sempre digo a eles para trabalharmos como se estivéssemos em último. Não podemos esmorecer”.
Ele já oficializou a escolha do deputado federal Rodrigo Garcia, do DEM, para ser o vice em sua chapa para o governo do estado de São Paulo. A coligação “Acelera São Paulo” é a maior da campanha até o momento, com alianças com PSD, PRB, PTC, PP e DEM.
A plateia que saboreou escondidinho, camarão com catupriy e mandioquinha frita no Coco Bambu, em Miami Beach, aplaudiu de pé a apresentação (na verdade, um discurso de candidato) de João Doria que depois recebeu uma placa da BACCF das mãos de Cássio Segura, presidente da associação, do cônsul Adalnio Ganem e dos irmãos Piquet, Alexandre e Cristiano, que patrocinaram o evento.
Os participantes saíram felizes e muitos só lamentaram o fato de ele não estar concorrendo à Presidência da República porque seguramente votariam nele. Doria agradeceu sorrindo.
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