Para o mercado e para aqueles que confiaram na defesa do liberalismo econômico no governo do presidente Jair Bolsonaro, que tem como fiador o hoje ministro da Economia Paulo Guedes, a decisão do mandatário de, a partir de uma simples ligação ao presidente da Petrobras, intervir no preço do óleo diesel, foi absurda e desnecessária.

Ações assim, à revelia, tem efeitos bastante negativos, tanto na forma quanto no conteúdo, causando desequilíbrios e insegurança para o país e investidores. A ordem para adiar o aumento levou à queda de mais de 8% das principais ações da estatal, fazendo-a perder R$ 32.4 bilhões em valor de mercado, o que representa quase 10% do total.

Como tivemos gestões passadas e recentes que adotaram medidas intervencionistas ao, por exemplo, não reajustar os preços administrados dos combustíveis e da energia elétrica, gerando perdas para as empresas, essa primeira intervenção do governo soou muito negativa. A expectativa era de que o mercado pudesse fluir livremente, respeitando a lei da demanda e oferta, como funciona em todas as democracias liberais do mundo.

O ajuste, no caso do diesel da Petrobras, responde à nova política de preços criada no governo Temer, em modelo já atualizado após a greve dos caminhoneiros em 2018. A estatal tem uma conta Petróleo, que funciona como um colchão para absorver as volatilidades rápidas do mercado. Quando o valor do combustível consolida-se em determinado patamar, a companhia precisa repassar o aumento ou a redução, a depender do cenário. Ou seja, diante das diretrizes já alinhadas, o papel do governo é deixar o jogo rolar.

O presidente não pode, frente ao primeiro sopro de protesto ou da indignação de determinada categoria, como uma nova greve dos caminhoneiros, sucumbir. Quando faz isso, age mais como um candidato, em campanha, que se move de acordo com a popularidade, do que como um presidente, já eleito e que precisa reconhecer o peso das sua ações e das suas falas. O governo tem que ter pragmático e analítico. Ao tomar medidas arbitrárias em relação ao mercado, demonstra, consequentemente, ansiedade ou que está mal assessorado e, portanto, deveria se cercar de pessoas mais qualificadas para ter os melhores resultados.

Hoje, sabemos que o país está no olho do mundo, com vários investidores observando as nossas ações, com interesse, principalmente, pelos projetos de infraestrutura e de mobilidade. Passada a reforma da Previdência, não faltará dinheiro a essas obras tão necessárias, desde que possamos contar com segurança jurídica e tenhamos, de fato, um governo liberal.

Edson Hydalgo Junior é Commercial Officer da Intrader

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