Embora os coworkings tenham surgido no Brasil no ano de 2010, foi apenas cinco anos depois que começou a se popularizar. Segundo dados recentes do Censo Coworking, o número de espaços compartilhados cresceu mais de 500%, saltando de 238 (2015) para 1.497 (2019) no país, presente em 26 estados. Até o início do ano, a projeção de crescimento era super positiva, porém após os acontecimentos por conta da quarentena, muitos coworkings perderam clientes, estão sem fluxo de caixa e tendem a fechar até julho, caso a economia não volte ao normal ou apresente uma margem de expectativa positiva.

De acordo com Bruna Lofego, especialista em coworking e idealizadora do curso Como montar um coworking de sucesso, a “terceira onda” chega no segmento de forma prematura. “Trata-se de um nova revolução no setor, que era aguardada, mas não para este ano, onde 1/3 da empresas tendem a desaparecer, encerrando suas atividades ou se unindo a outras marcas com maior liquidez de seus ativos”, explica.

Acredita-se que, a partir do segundo semestre deste ano, a curva de crescimento incline-se para a direção otimista, alcançando o seu pico no final deste ano. Porém isso servirá apenas para as marcas sobreviventes, garantindo um caminho mais fácil para conseguir novos clientes, por conta da diminuição significativa de concorrentes.

Um ponto a se considerar é a necessidade de mudança, pois, na opinião da especialista, aquelas que estiverem abertas a se adaptar às necessidades do mercado tendem a crescer. Confira abaixo, a pontos essenciais que devem marcar a Era do Coworking 3.0:

Redução das baias

Mesmo que sejam consideradas “fora de moda” e representem apenas 10% dos espaços compartilhados, ainda há quem insista em investir neste tipo de opção dentro dos coworkings. De acordo com Bruna Lofego, o distanciamento social deve ser implementado também após a quarentena dentros dos espaços. “Os empresários devem entender que aglomeração demais por metro quadrado não deve mais ocorrer, assim priorizando salas individuais para comportar uma equipe, prezando pela privacidade e respeitando regras de distanciamento”, explica.

Investimento em escritórios virtuais

Durante a quarentena, a contratação de escritórios virtuais cresceu de forma significante, por conta da demanda de empresas que tiveram que adotar o home office, mas, que necessitam de alguém para atender ligações, receber correspondências e encomendas. Para a especialista, mesmo sendo essencial após a crise, o serviço deverá sofrer adaptações por ser considerado commodities para o setor. “Sem dúvida, muitos coworkings devem ampliar o serviço para atender a demanda, mas fica a dúvida em como encontrar o diferencial. Além de investimento em centrais telefônicas, internet com velocidade e capacitação de colaborador, os espaços compartilhados deverão incluir outros serviços para atrair o cliente”, projeta Bruna.

Fim do networking

Enquanto nos últimos anos, o networking era um dos principais motivos para justificar a ida de empresas para coworking, um novo conceito é fortalecido após a pandemia: associação entre empresas dentro do coworking.

A prática, que já existe em alguns lugares, tende a aumentar nos próximos meses, em que empresas passam a ajudar outras empresas que fazem parte do mesmo escritório compartilhado, como se fossem sócias.

Segundo ela, o estímulo deve partir do próprio gestor do coworking, agregando empresas ao seu modelo de negócio. “A partir do momento que economia colaborativa for alavancada dentro deste ecossistema, a margem de lucro de uma empresa tende a escalar de uma forma que todos se beneficiem”, conclui.

Sobre Bruna Lofego

Ela é CEO & Founder da CWK Coworking e criadora do método “Coworking de Sucesso”. Entusiasta do segmento de escritórios compartilhados no Brasil, desde 2010, já implantou franquias pelo país e foi consultora em cerca de 30 projetos de implantação de coworking. Reconhecida pela mídia nacional como a única especialista em coworking do país, tem se destacado por se posicionar a favor do empreendedor que pretende investir na área, com dicas e métodos exclusivos que projetam a sustentabilidade do negócio. Atualmente, possui mais de 300 alunos inscritos em seu curso de treinamento online.