*Por Daniel Toledo
A cada seis meses, publico estudos sobre tendências de mercado. Esses dados são baseados em análises e relatórios enviados periodicamente a diretores e presidentes de empresas para quais realizo consultoria. Em 2017, também baseado nessas pesquisas, produzimos um vídeo para o canal no YouTube da Loyalty Miami USA abordando o tema.
Mostrei números que refletiam a realidade da economia norte-americana e a brasileira, com foco no dólar, em relação a algumas previsões para 2018 sobre o que aconteceria a essa mesma moeda nos meses de março e junho. E os números bateram, chegando a R$ 4,19.
Ao eleger um novo presidente, algumas pessoas acham que o Brasil dos últimos 20 anos vai ser completamente renovado no dia 1º de janeiro de 2019 e não é assim. Há várias etapas jurídicas que as aprovações de projetos, leis e afins precisam seguir.
A projeção para o dólar em 2019
Situação 1
Elaborei alguns cenários públicos que foram divulgados pelo Banco Central Brasileiro (Bacen) e o primeiro é analisado por esta própria instituição. O banco de investimentos BTG também faz um panorama parecido colocando o Brasil com 150 pontos.
Essa análise é basicamente um milagre, que acho pouco provável, porque teríamos que contar com um grande comprometimento do presidente da república para o país finalmente ter caixa e estrutura financeira. Olhando de forma macro, não depende só do país, mas também de alguns vizinhos. Inclusive, uma movimentação negativa em algum ponto na América Latina bastaria para influenciar a economia brasileira.
O Bacen prevê a taxa de juros, e o interjuris americano previsto para dez anos, caindo meio ponto em percentual, o que é bastante. Não acredito também que vá acontecer. Está havendo uma certa preocupação com alguns gastos e existe uma oferta enorme de dinheiro no mercado. O governo tentará segurar isso, por enquanto, mas acho que o Banco Central está sendo muito positivo.
Situação 2
Há algumas apostas de alguns bancos internacionais em focar no mercado especulativo, que inclusive já começou em junho deste ano. Existe ainda algum dinheiro de especulação no Brasil, que em 2018 captou mais de R$6 bilhões em recursos internacionais para o mercado financeiro, vindo de quem especula com a moeda. Por isso, esse dinheiro não é declarado, porque muitas vezes não vem identificado dessa forma.
Existe um cenário visto por alguns bancos especialistas no mercado especulativo. Estou falando de especulação, o pior dos cenários, onde o Brasil enfrentaria muitos impasses políticos e o Bolsonaro não vai conseguir aprovar tudo o que ele quer por causa de uma contrapartida muito grande e divergências políticas. Também apostam na demora da reforma previdenciária, dificuldade nas negociações e dividas.
Tudo isso vai jogar o risco país lá em cima causando instabilidade de moeda, insegurança financeira, e o dólar flutuaria entre R$4,80 e R$4,90. Cenário de caos. Muito perto do que o Brasil enfrentou em junho deste ano.
Situação 3
É o cenário que enxergo e algumas instituições financeiras mais conservadoras estariam de acordo. O Brasil vai conseguir passar alguns projetos da reforma previdenciária porque, se não, algumas mudanças necessárias para que a economia tome fôlego, não ocorrerão. A manutenção do cenário internacional de hoje não é o pior dos mundos, mas também não é o melhor a ponto de esperar o dólar entre R$3,30 e R$3,40.
O risco país nesse caso ficaria entre 220, no máximo 240 pontos. Acredito neste fato por já ter visto alguns números semelhantes e por apostar na manutenção do dólar entre R$3,85 e R$3,95 durante o ano.
O mercado internacional é muito aberto para o produto brasileiro, mas o micro e pequeno empresário não tem qualquer incentivo para se projetar no mercado externo. Sem contar que muitas vezes ele não tem nem conhecimento sobre como fazer isso. Se houver algum empenho por parte da equipe econômica que vai assumir, conseguiríamos um reflexo positivo na balança comercial.
A minha opinião sobre a taxa Selic, em 2019 por parte do Governo atual, será de 8%. Acho que subirá um pouco mais, justamente por causa dessa expectativa exagerada sobre a nova conjuntura política.
Acredito que a taxa de juros prevista para o próximo ano é bem real, chegaremos a ela. Mas antes haverá um pequeno aumento, se não as pessoas vão se arrebentar no crédito. É preciso tomar cuidado, tanto em relação ao excesso quanto à inadimplência, porque o Bolsonaro não vai conseguir transformar tudo em seis meses.
Em 2018, a Balança Comercial teve uma captação de R$ 68 bilhões, o que não acho ruim, mas está longe da capacidade do país. Existe uma previsão para superar R$70 bilhões em 2019, o que também poderia melhorar. O Brasil tem uma capacidade gigantesca em náutica, em alguns ramos de tecnologia, em nióbio, exploração de petróleo, monopólio da Petrobras, uma série de recursos que podem triplicar este montante. Basta ter coragem para colocar o dedo na ferida.
*Daniel Toledo é advogado especializado em direito internacional, consultor de negócios e sócio fundador da Loyalty Miami. Para mais informações, acesse: http://www.loyalty.miami ou entre em contato por e-mail contato@loyalty.miami. Toledo também possui um canal no YouTube com mais de 57 mil seguidores http://www.youtube.com/loyaltymiamiusa com dicas para quem deseja morar, trabalhar ou empreender nos Estados Unidos. A empresa agora possui sede em Portugal e na Espanha.
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