Americas Food & Beverage, em sua 23ª edição, foi realizada nos dias 23 e 24 de setembro no Miami Beach Convention Center, com 525 expositores de 27 países, divididos em 13 pavilhões intenacionais, entre eles, o brasileiro. A feira recebeu mais de 12 mil visitantes nos dois dias de exposição. O Pavilhão Brasil contou com 30 stands em segmentos que variaram do arroz até a cachaça, vinho (e suco de uva), espumante, passando por produtos naturais, lácteos, sorvetes, açai, vestuário para cozinha etc. Houve ainda a celebração do dia internacional do café, enfatizando a exposição de diferentes variedades do café brasileiro.
Organizado em parceira com o Setor Comercial do Consulado Geral do Brasil em Miami e a Conceito Brasil, que há 15 anos coordena a participação das empresas brasileiras na maior feira de alimentos dos Estados Unidos. Conforme explicou Tatiane Rodrigues, diretora da Conceito Brasil, “esta feira tem produzido bons resultados aos expositores, por isto tem havido crescimento no interesse em estar presente aqui”.
O conselheiro Rodrigo Fonseca, chefe do Setor Comercial do Consulado, capitaneou uma equipe formada por Paulo Paiani, Bruno Souza, Fernanda Figueiredo e Alyssa Baracat, funcionários do Consulado Geral do Brasil em Miami, importante na viabilização do Pavilhão Brasil, uma vez que o Itamaraty aportou recursos subsidiados para instalação dos stands dos expositores.

Os números comprovam o sucesso do evento junto aos expositores brasileiros. Tanto que 20 deles já confirmaram presença na Americas Food & Beverage em 2020, realizada no mesmo período, e 10 estão propensos a renovar sua participação. Uma pequisa pós-evento revelou que 96.5% ficaram muito satisfeitos com os resultados, 68% encontraram representantes de vendas, enquanto 28.6% firmaram parcerias de negócios e 36% venderam seus produtos durante o evento. E, claro, 100% delas constataram o aumento de sua visibilidade internacional durante o evento.
Setor de arroz domina o Pavilhão
O evento serviu para reforçar as marcas que já têm um nicho no mercado americano e caribenho (como o caso dos vinhos e espumantes da serra gaúcha) e também para reafirmar qualidade de nossos produtos, evitando assim eventuais barreiras não tarifárias como no caso do arroz onde exportadores enfrentam barreiras fitossanitárias.
Sete empresas do setor do arroz estiveram no Pavilhão Brasil com seus stands. Diogo Thomé, executivo de Projetos da Abiarroz (Associação Brasileira da Indústria do Arroz), afirmou que este é o quinto ano de participação da associação neste evento que tem gerado bons negócios. “Além de ser a principal feira dos Estados Unidos, ela também serve para os exportadores fazer contato com clientes da América Central e Caribe”, comentou Thomé, que revelou como principais mercados para o arroz beneficiado brasileiro os países da América Central, a Costa Leste dos EUA e sobretudo o Peru.
Bruno Barbaresco, da Guacira Alimentos, tem fábricas em Uruguaiana (RS) e Dourados (MS) e já exporta para Estados Unidos, Canadá, Costa Rica e Angola arroz do tipo long grain e parboilizado. “A Guacira já está aqui em New Jersey desde 2015, com Michael Rego, e fornecemos para os distribuidores. Exportamos entre 25 e 30 contêineres/mês para os EUA, o que gera $300 mil por mês. No total, exportamos $500 mil por mês. A Guacira também atua no mercado interno, sobretudo nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul”, revelou Barbaresco.
O diretor da São João Alimentos e Abiarroz, Adalberto Pegorer, está participando da Americas Food & Beverage pela primeira vez. Ele está entusiasmado com as perspectivas de entrar forte no mercado americano, porém quer fazer isto de forma paulatina, como fez no mercado peruano. “O Peru é nosso maior comprador. Em termos de comparação, o consumo de arroz no Peru é de 60 quilos per capita por ano, enquanto no Brasil o consumo de arroz é de 34 quilos per capita por ano. Além do mais, o Peru exige qualidade, por isto o arroz brasileiro encaixou bem”, explicou Pegorer.
Dentro desse panorama, o arroz brasileiro representa 39% da importação total de arroz feita pelo Peru. Ao contrário do nosso vizinho sul-americano, o mercado americano consome arroz que qualidade mediana. “Nossa intenção é colocar arroz de qualidade premium aqui para que o paladar dos americanos saiba distinguir a qualidade dos produtos. Mas, faremos isto de maneira gradual e consistente. Para completar, o México liberou 150 mil toneladas de arroz sem taxa de importação, o que deve abrir mais uma frente de exportação para a indústria do arroz brasileiro”, comentou Pegorer, que somente neste ano já exportou 500 contêineres de 26.5 toneladas para o Brasil, com faturamento de $10 milhões.
A Camil também esteve presente no grupo das indústrias de arroz. Esta empresa, que possui ações na Bolsa de Valores de São Paulo, faturou no ano passado R$ 5 bilhões, sendo que o departamento de exportação responde por quase 10% deste total. Wanessa Augusto, responsável pela área de exportação da empresa, está trocando o escritório da matriz em São Paulo por Montevidéu, porque a companhia constituiu a Saman, uma empresa eminentemente exportadora, uma vez que 95% da produção uruguaia se destina ao mercado externo. Para se ter uma ideia da força da Camil, a empresa é a maior exportadora de arroz fora da Ásia, movimentando entre 1.200 e 1.500 contêineres de 25 toneladas por ano.
Neste evento, a Conceito Brasil organizou duas palestras que podem ajudar as empresas em seu esforço para participar do maior mercado consumidor do planeta. Oscar Torres Neto, da Oak Int’l – empresa especializada em importação, exportação e logística – e Camila Lomanto, gerente de Logística da Imperial Freight Brokers, explicaram aos participantes os caminhos a ser seguidos para quem quiser ter sucesso em exportar para a América do Norte. Oscar Torres, inclusive, alertou sobre a falta de visão de alguns empresários brasileiros: “Muitas empresas sequer sabem que é necessário investir para participar do mercado externo. Alguns empresários acham que basta colocar alguém aqui para vender seus produtos sem nenhum tipo de apoio”. Esta é a lição básica para quem quiser a vender seus produtos no mercado externo.