*Por Samuel Torres

Nessa quinta-feira, 2 de janeiro, os EUA informaram que o general iraniano Qassem Soleimani foi morto por um soldado da força aérea americana. Soleimani tinha forte influência no regime iraniano, de maneira que o líder Ali Khamenei prometeu vingança e retaliação. O evento trouxe forte tensão ao mercado devido aos receios de início de uma guerra entre os dois países, o que, segundo analistas políticos, seria muito mais problemático e relevante para os EUA do que os conflitos no Oriente Médio que o país enfrenta há anos.

Sim, esse acontecimento pode impactar o crescimento da economia global, que já vinha sendo uma das principais preocupações dos investidores.Com isso, ativos de risco, principalmente ações, são impactados negativamente conforme investidores, ao diminuir posições e migrar para ativos de menor risco e/ou considerados como proteções. Esses, por outro lado, são justamente os que se beneficiam nesses momentos, como ouro, Treasuries, dólar e yen. Ativos que são comprados em volatilidade, como ETFs ligados ao índice VIX (CBOE Volatility Index), também se beneficiam fortemente, com valorizações acima de 6%. Soma-se a isso, o fato de o Irã ser a quarta maior reserva de petróleo do mundo, de modo que o conflito na região pode impactar a oferta global, o que está fazendo o preço do petróleo subir mais de 3.6%. A combinação de dólar e petróleo subindo poder trazer impactos também para a inflação.

Assim, esse é um exemplo sobre o porque é preciso manter uma carteira diversificada, com ativos que funcionam como proteção e podem se beneficiar de diversos momentos de mercado, mesmo que aparentemente improváveis, como era este caso, quando o mercado vinha de uma sequência de altas após uma redução das incertezas com a conclusão da primeira fase do acordo comercial entre EUA e China.

*Samuel Torres é analista da Capital Research