*Por Rodrigo Augusto Prando 

Ao final e ao cabo de um anotodosindividualmentecostumamos fazer uma reflexão retrospectiva, com os pontos positivos e negativos. Social e politicamentecabetambémuma avaliaçãoespecialmente, no bojo de uma pandemia, que suspendeu a normalidade de nossa vida cotidiana. 

O presidente Bolsonaro teveem 2020, a possibilidade de romper com o seu primeiro ano de mandato no qual preponderou o seu presidencialismo de confrontaçãoDesgraçadamente, o coronavírus trouxe doença, crise sanitária, crise econômica e milhões de mortesaqui e alhuresMuitos presidentes e primeiros-ministros conjugaram discursos e ações objetivando encarar o vírus como um inimigo a ser vencido a todo custonuma grande operação de guerra. 

Aqui, com Bolsonaro e o bolsonarismoos inimigos continuaram a ser a “velha política“, os jornalistas, a mídiaa esquerdaos cientistasestudantesintelectuaisartistasprofessores, entre outros, reais ou imagináriosinternos ou externos. Dessa forma, tendo formação militar e condições de assumir a liderança neste processo, o presidente assumiu postura de menoscabo em relação à pandemia e atitudes negacionistas, com presença de fake news e absurdas teorias da conspiração. 

No que tange à vacina, Bolsonaro e seu ministro da Saúde perderam o protagonismo para o governador de São Paulo, João Doria, e para o Instituto Butantan. Em verdade, o bolsonarismo atacou – e ataca ainda – a vacina e com evidentes dificuldades de apresentar um plano nacional de vacinaçãoCompreendendo a gravidade do vácuo de liderança por parte do presidente e a angústia de prefeitos e governadores, o Supremo Tribunal Federal deixou claro, dentro dos parâmetros do federalismo, das responsabilidades da União, dos estados e dos municípios. Com issoprefeitos e governadores distanciaram-se do presidente ao compreender a gravidade da pandemia e de incentivar o distanciamento social e uso de máscaras e higieneseguindo os protocolos científicos disponíveis. 

No meio ambiente, o Brasil foi foco negativo para governos internacionais e para a mídia estrangeira, em triste cenas de fogo e desmatamento da Amazônia e do Pantanal. No cenário internacionalnossa diplomacia, sempre tão respeitadatornou-se inconveniente e apequenada. Em lanceincríveisatacamossistematicamente a China, e o governo assumiu clara e notória predileçãona eleição dos EUA, por Trump, que acabou derrotado por Biden, cuja vitória fomos os últimos a reconhecer no mundo. 

Na importante agenda de combate à corrupção, Sérgio Moro, símbolo da Lava Jato, foi defenestrado do governo e, na saídaacusou Bolsonaro de querer interferir politicamente na Polícia Federal. Em recente matériarecai sobre a Abin – órgão de Estado – a suspeita de produzir relatórios para orientar a defesa de Flávio Bolsonaro no já famigerado caso das “rachadinhas“, na Alerj. Bolsonaro e ministros, nos meses iniciais da pandemia, participaram de atos antidemocráticos, que clamavam pelo fechamento do Congresso Nacional, do STF e da volta do Regime Militar. Tais atosbem como a suposta intervenção na PF por parte de Bolsonaro, são objetos de investigação em curso no STF, mormente, com suspeitas da participação de outro filho do presidente, o vereador carioca, Carlos Bolsonaro, com ação direta no comando do chamado “gabinete do ódio“, operando as redes sociais de dentro do Palácio do Planalto. 

Muitos outros pontos poderiam ser, aqui, trazidos à tona neste ano de crises conjugadas: pandêmica, econômica e política. Quase 200 mil brasileiros mortos e milhares de famílias que não puderam vivenciar o luto dos que se foram e terão vazios, na mesa e na alma, durante este Natal. Foi um ano difícil para todos, no mundo; mas assaz difícil no Brasil. 

*Rodrigo Augusto Prando é professor e pesquisador da Universidade Presbiteriana Mackensie. Graduado em Ciências Sociais, Mestre e Doutor em Sociologia, pela Unesp, FCL. 

Sobre a Universidade Presbiteriana Mackenzie 

A Universidade Presbiteriana Mackenzie está na 103º posição entre as melhores instituições de ensino da América Latina, segundo a pesquisa QS Quacquarelli Symonds University Rankings, uma organização internacional de pesquisa educacional, que avalia o desempenho de instituições de ensino médio, superior e pós-graduação. Possui três campi no estado de São Paulo, em Higienópolis, Alphaville e Campinas. Os cursos oferecidos pelo Mackenzie contemplam Graduação, Pós-Graduação Mestrado e Doutorado, Pós-Graduação Especialização, Extensão, EaD, Cursos In Company e Centro de Línguas Estrangeiras. 

Em 2021, serão comemorados os 150 anos da instituição no Brasil. Ao longo deste período, a instituição manteve-se fiel aos valores confessionais vinculados à sua origem na Igreja Presbiteriana do Brasil.