A polêmica em torno da indicação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-RJ) para o cargo de Embaixador do Brasil nos EUA levanta uma hipótese real sobre a qualificação do parlamentar para ocupar o cargo. Caso decidisse internacionalizar a carreira profissional por meio da aplicação do visto especial EB1-A ou EB-2, como fizeram 4.300 brasileiros em 2018, segundo o Departamento de Estado Americano, o deputado teria que atender uma série de critérios para ter o direito de morar e trabalhar nos Estados Unidos legalmente.

De acordo com o Departamento, o número de brasileiros que conseguiram vistos especiais de imigração (que concedem o tão sonhado Green Card) segue crescendo. Em 2015, o total era de 2.478 vistos concedidos a cidadãos brasileiros, em 2017, foi de 3.366. Os vistos de habilidades extraordinárias têm sido a aposta para jovens profissionais brasileiros que querem entrar ‘pela porta da frente’ nos Estados Unidos, com a possibilidade atuar nas suas áreas de formação e carreiras obtidas no Brasil.

Entre as categorias para se obter um visto de habilidades extraodinárias ou excepcionais nos EUA estão: participação em associações que exijam habilidades excepcionais de seus membros; material publicado sobre a pessoa em publicações especializadas ou outros grandes meios de comunicação; participação em julgamentos do trabalho de outras pessoas, individualmente ou em um painel; autoria de artigos acadêmicos em publicações especializadas ou nos grandes meios de imprensa; trabalhos exibidos em exposições artísticas ou vitrines; atuação de um papel importante ou crítico em organizações ilustres; evidências de que a pessoa obtém um alto salário ou outra remuneração significativamente alta em relação a outros de sua área de atuação; sucesso comprovado em performances artísticas.

Para o jornalista brasileiro, Rodrigo Lins, que teve a carreira reconhecida como extraordinária pelo governo americano em 2016 ganhando o Green Card pelo chamado ‘Einstein Visa’, o processo de internacionalização de carreira profissional para os EUA está mais difícil sob a gestão de Donald Trump que está aplicando maior rigor na avaliação dos casos.

“Estão maiores as exigências sobre documentos e provas da carreira profissional. Também aumentou o escrutínio sobre a vida pregressa do canditado. Agora existe uma entrevista com agente de imigração antes da aprovação do caso. De modo geral, quanto mais critérios o candidato apresentar, maiores são chances de obter o documento de residência permanente”, explica Rodrigo Lins que lançou em janeiro deste ano um livro sobre como trabalhar legalmente nos Estados Unidos, contando sua própria história de internacionalização.

Dados do Instituto Datafolha revelaram que cerca de 70 milhões de brasileiros com 16 anos ou mais deixariam o Brasil se pudessem. Na pesquisa, feita em todo o Brasil, 43% da população adulta manifestou desejo de sair do País. Entre os que têm de 16 a 24 anos, a porcentagem vai a 62%. São 19 milhões de jovens com intenção de deixar o Brasil, o equivalente a toda a população de Minas Gerais, por exemplo.

Rodrigo Lins explica que o profissional que internacionaliza a carreira deve seguir atuando em sua área de formação nos Estados Unidos e que o processo leva em torno de dois anos para ser totalmente aprovado pelo Departamento de Imigração americano. “Estes são vistos imigrantes e o profissional deve elaborar um planejamento imigratório com suporte de advogados de imigração para obter sucesso no caso”, orienta o especialista.

Se o intuito é viver fora e seguir carreira em outro país, o ideal é que, o quanto antes, o interessado comece a criar um cenário favorável para investir neste propósito. “Muitos jovens não sabem por onde iniciar a construção da vida profissional. É importante que saibam que este start é dado durante a graduação mesmo. É neste momento que existem diversas possibilidades de participar de eventos, escrever e publicar artigos científicos, concorrer a prêmios, tudo para tornar seu currículo mais robusto”, finaliza Lins.

Rodrigo é CEO da Multinacional Onevox Creative Solutions, Mestre em Comunicação, professor universitário, jornalista e escritor, reside nos Estados Unidos e é autor do livro “Internacionalize-se: Parâmetros para levar a carreira profissional aos EUA”.