*Por Antonio Tozzi
A pandemia do coronavírus está aterrorizando o mundo inteiro. Embora os mais visados pelo vírus sejam os idosos com comorbidades, ninguém está isento de se contaminar com este inimigo invisível que produz contágios a uma velocidade incrível e deixa atrás de si um rastro de morte para uma parte da população contaminada.
Sempre dizem que em tempos difíceis as pessoas ficam mais atentas às questões que normalmente são relativizadas em época de bonança. Refiro-me à necessidade de se contratar ou modificar um seguro de vida, excelente instrumento de proteção de patrimônio para a família no caso de o provedor morrer inesperadamente. Aqui nos Estados Unidos, é comum as pessoas providenciar seguro de vida, entretanto, neste momento sua importância é ainda mais destacada.

Gustavo Couto
Para entender mais sobre a necessidade de se investir em seguro de vida, BizBrazil Magazine conversou com Gustavo Couto da Five Rings. Couto opera com uma agência independente que comercializa planos de seguro de vida de várias seguradoras e reforça o conselho: façam um seguro de vida para você e sua família.
Evite acreditar em boatos
Como em todos segmentos, as fake news também proliferam sobre seguros de vida. A mais recente foi uma informação equivocada de que as famílias das vítimas de coronavírus não receberiam o prêmio referente ao seguro contratado.
O boato preocupou tanto que Gustavo e Marina Couto (sua esposa e parceira) produziram um vídeo para desmentir. Segundo ele, o boato pode ter sido gerado no Brasil porque algumas seguradoras incluem cláusulas para evitar o pagamento de prêmios. No entanto, até no Brasil, algumas seguradoras brasileiras também confirmaram que pagarão aos beneficiários das vítimas de coronavírus.
Couto afirmou não saber de onde surgiram os primeiros vídeos, mas, assistiu a algo que foi repassado pela Internet. “Não sei quem se beneficia, talvez sirva de aviso ao público para que se informem sobre o que estão comprando. Muita gente contrata um seguro de vida sem ter ideia daquilo que a apólice de seguro cobre e também o que não cobre”, alerta o especialista.
O representante da Five Rings reforça que nos Estados Unidos qualquer pessoa pode fazer um seguro de vida, ou também revisar o que já tem para adicionar cobertura de acordo com o necessário. “Isso é verdade, independentemente do status imigratório. Hoje em dia, mesmo quem tem o ITIN para seus impostos pode se qualificar para ter um bom seguro de vida. A recomendação é que todos se assegurem, especialmente aqueles que têm filhos e familiares dependendo da sua renda pessoal”, enfatiza.
Preços não subiram
Ele foi categórico em afirmar que as seguradoras não aumentaram os preços, pois as seguradoras estabelecem uma tabela de preço baseada nas taxas de mortalidade de uma população a longo prazo. Esse cenário atual do coronavírus é algo temporário, e portanto as empresas não vão ajustar seus cálculos de longo prazo devido à algo temporário.
Indagado sobre os riscos de seguradoras não honrar seus contratos, Couto foi peremptório sobre a seriedade destas companhias, supervisionadas pelo governo americano. “Acredito que todas empresas são sérias. Existe uma série de exigências que cada estado dos Estados Unidos estabelece antes de permitir que uma empresa se torne seguradora e comece a ofertar produtos de seguro de vida. As empresas precisam ter reservas expressivas para poder funcionar nesse mercado. De qualquer forma, uma boa maneira de validar é perguntar sobre a idade da companhia, as reservas que possuem e o ranqueamento delas junto a entidades como Standard & Poors, Fitch e Moody (empresas que verificam a solidez de outras empresas no ramo financeiro). Como somos consultores independentes, temos a escolha de trabalhar somente com empresas que são centenárias (mais de 100 anos de existência), que possuem reserva de quatro vezes ou mais frente às suas obrigações e são ranqueadas como qualificações A ou A++ nas agências de ranqueamento”, explicou o consultor.
Também não há risco de as seguradoras ficar descapitalizadas. Couto informou que uma das empresas com a qual trabalha relatou estar dobrando sua reserva em caixa para esse ano, de $50 para $100 milhões, só para se certificar que podem pagar seus clientes de forma rápida. “Isso é só a reserva que vai ficar parada em conta, de pronto acesso! Imagine quanto mais eles possuem em reserva que está alocada em fundos e patrimônio diverso”, exulta.
Seguro de vida também é um tipo de patrimônio
Couto observa que seu objetivo é exatamente ensinar as pessoas a comprar os seguros que têm o benefício em vida: “Esses benefícios são cláusulas nos contratos que permitem aos segurados receber o dinheiro do seguro também em caso de doenças críticas como câncer, derrame, ataque cardíaco, etc. Nosso foco é trazer esse tipo de produto para o maior número de brasileiros possível nos Estados Unidos. Se todo brasileiro tivesse essa cobertura, não teríamos jamais de fazer GoFund Me para pedir dinheiro a fim de ajudar alguma família porque alguém está com doenças graves e não tem como pagar as contas. Não seria maravilhoso?”
O relacionamento de Couto com seus clientes é feito via video conferência há mais de três anos. “Portanto todo o processo é feito online com a ajuda de um consultor que fala a sua língua e vai ensinar sobre as diversas opções, e isso faz toda a diferença”, lembrando que a prática já havia senso adotada por ele antes mesmo da pandemia.
Segundo ele, é possível um brasileiro adquirir um seguro nos EUA. “Neste caso, a pessoa tem de entrar em contato com um consultor nos Estados Unidos que trabalhe com seguradoras que oferecem planos para o cliente internacional. Podemos ajudar quem tem esse interesse, porém o processo vai depender de cada caso”.
Até mesmo portadores de doenças pré-existentes como a diabetes podem obter um seguro. No entanto, destacou que isto dependerá de muitos fatores, e só o subscritor do seguro poderá responder, após o processo. E completou: “É possível sim, mas, não dá para dizer que é garantido e será aprovado. Vai depender da situação individual e específica daquela pessoa”.
Por fim, ele explicou a importância de conferir o tipo de apólice que está sendo adquirido. Um exemplo clássico é o da accidental policy, um tipo de seguro que confunde e ilude as pessoas. Ou seja, a pessoa imagina que sua família receberá o prêmio após sua morte e nem sempre isto ocorre. A razão é que accidental policy apenas pagará o beneficiário se o segurado morrer em decorrência de um acidente. Portanto, Couto conclui com uma dvertência: “Evite assinar um documento sem saber exatamente seu conteúdo.”
*Antonio Tozzi é editor chefe da BizBrazil Magazine
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