O idealizador da Câmara de Comércio Brasil-USA da Flórida deixou uma lacuna na comunidade empresarial de Miami

As grandes coisas nascem de ideias simples. Entretanto, é preciso saber executar. Tom Skola, americano de Ohio, formado em Ciências Políticas pela Universidade de Rochester, foi um destes visionários. Depois de ter ganho uma bolsa de estudos e viajado ao Chile, Espanha e Argentina o jovem sociológo conheceu o mundo da latinidade. Em 1972, já formado em Direito pela Columbia University, foi trabalhar no conceituado escritório de advocacia Curst, Mallet-Prevost, Colt & Mosle, Lá, foi escolhido para comandar o escritório instalado na capital paulista. Aprendeu português e logo se entrosou com o modo de vida dos brasileiros.

Sua experiência com o jeitinho brasileiro ganhou o sotaque carioca quando ele se mudou para o Rio de Janeiro para representar o escritório de advocacia de Augusto Nobre. Naquela época, foi amadurecendo a ideia de criar um câmara de comércio que unisse empresários e interesses dos dois países. Na volta aos EUA, para trabalhar no escritório de Taylor, Brion, Buker & Greene, decidiu colocar em prática seu projeto. E assim nasceu a BACCF em 1981, com o denodo de Skola e de sua secretária Gisela Kock.

Com a chegada em Miami do embaixador Carlos Alberto Pereira Pinto, nos anos 80, a Brazilian-American Chamber of Commerce of Florida ganhou o apoio fundamental do governo brasileiro e pôde se profissionalizar.

Esse preâmbulo serve para recordar o sonho que se tornou realidade para Tom Skola, criador da BACCF, que nos deixou na terça-feira, 12 de janeiro de 2021, 40 anos depois de ter visto seu ideal se materializar na maior câmara binacional de Miami.

Todos que tiveram contato com ele somente têm palavras de carinho e respeito pela figura de Skola. Desde a primeira secretária executiva da BACCF, Pat Roth até Mary Arnaud (que está no cargo hoje), passando por Gloria Johnson e todos membros da entidade, além do cônsul geral do Brasil em Miami, embaixador Joäo Mendes Pereira, e do atual presidente da BACCF, Alexandre Piquet.

O embaixador e Piquet divulgaram um video no YouTube lamentando o falecimento de Tom Skola e elogiando seu empenho e enaltecendo a pessoa amigável e ética dele.

Em sua nota de pesar sobre o falecimento de Thomas J. Skola, o embaixador destacou que, em 1996, elel foi agraciado pelo governo brasileiro com a Ordem do Rio Branco em reconhecimento aos relevantes serviços prestados às relações bilaterais e à comunidade brasileira nos Estados Unidos. 

Pat Roth ainda se lembra do período em que trabalhou na BACCF.¨Todos adoravam ele. Uma pessoa muito simpática e sempre dedicado ao engrandecimento da Câmara. Creio que o sucesso da BACCF se deve ao seu comportamento sempre ético. Quando comecei a trabalhar lá, em 1991, havia cerca de 80 membros e quando saí havia mais de 300. Isto foi resultado de seu empenho¨, afirmou.

Sua sucessora, Gloria Johnson, vai na mesma linha ao lembrar que conviver com Tom foi algo muito especial. ¨Ele sempre estava disposto a ajudar as pessoas e, no meu caso, foi de um apoio inestimável quando meu marido ficou doente. Ele fez o documento Power of Attorney, sem me cobrar nada, e deu todo apoio que eu precisava naquele momento. Era uma pessoa extraordinária¨, relembrou.

Gloria comentou ter indicado Mary Arnaud como sua substituta, e Tom Skola concordou. A parceria deu muito certo, tanto que Mary continua como secretária executiva da BACCF até hoje. Claro que a entidade também divulgou uma nota de pesar pelo passamento de seu fundador.

A fim de manter viva a memória de Tom Skola, sua famîlia está estabelecendo o fundo Thomas J. Skola, que será supervisionado pelo Conselho Administrativo da Câmara e se concentrará em projetos educacionais e comunitários. Quem quiser colaborar pode doar através do Centro Educacional BACCF. Por causa da pandemia de covid-19, o funeral ainda deve ser anunciado em breve.

Tom Skola foi matéria de capa da nossa edição de fevereiro do ano passado, e a reportagem pode ser lida aqui.